Para o economista angolano, as referidas medidas, que deverão ser tomadas na próxima reunião do Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA), “são necessárias e tardam a ser implementadas”, em face da depreciação do kwanza (moeda angolana) nos últimos dois meses.
“O BNA irá aumentar a taxa de juro de referência, a atual taxa BNA está em 17% e o BNA deve aumentar para próximo de 20% já nesta reunião (agendada para quinta-feira), deverá também possivelmente rever a posição cambial dos bancos comerciais”, afirmou à Lusa Domingos Chimuco.
O economista salientou que a posição cambial dos bancos angolanos, “atualmente em 10%, poderá ser reduzida pelo BNA para 5% ou até 2,5%, como já se verificou em períodos mais desafiantes da economia”.
“E essas medidas, claro, que poderão contribuir para um maior controlo da massa monetária, que é o principal elemento que garante os bancos comerciais participarem nos leilões de divisas”, argumentou.
“Como o banco central é a autoridade que tem a responsabilidade de assegurar a estabilidade de preços, então, é expectável que nesta reunião de 14 de julho venha, então, a reintroduzir um conjunto de instrumentos que até então estavam a ser retirados”, realçou.
A necessidade da “estabilização do mercado cambial”, explicou o especialista, deve concorrer para a implementação de medidas “mais restritivas, para que o kwanza não continue a depreciar-se como nos últimos dois meses”.
“E perspetivar o aumento, de modo que no médio prazo, já nos próximos dois ou três anos, o BNA consiga ter a taxa de inflação de Angola a fixar-se próximo de um dígito, como objetivo de médio prazo”, assinalou.
Medidas para travar a depreciação do kwanza “são necessárias” e, observou, “elas vêm tarde, porque essa depreciação começou em 12 de maio e o BNA reuniu-se no dia 18 do mesmo mês e nessa altura já deveria tomar medidas mais assertivas para assegurar que o kwanza não tivesse a trajetória que teve”.
As ações do banco central, sustentou o economista, “devem ser feitas agora de forma muito assertiva e de forma muito urgente para evitar, então, que o mercado continue a ter o desempenho que está a ter”.
“E não fazer nada, neste momento, era o pior que poderia acontecer, já se cometeu o erro de não ser ter feito atempadamente e não fazer mais nada seria o pior cenário, é importante, faz-se necessário que se tomem essas medidas”, rematou Domingos Chimuco.
O Comité de Política Monetária do BNA reúne-se na quinta-feira para avaliar a atual situação macroeconómica e financeira do país.