De acordo com o novo tarifário de energia, os consumidores da categoria social, com capacidade reduzida em termos de consumo, vão continuar a pagar 2,46 kwanzas/quilowatts, enquanto para os de consumo baixo de 200 quilowatts o valor sobe de três kwanzas (0,008 euros) para 6,41 kwanzas (0,016 euros).
Em relação a categoria "doméstica geral", agora designada "categoria doméstica monofásica", que integra a maioria dos consumidores de eletricidade em Angola, passa agora dos 6,53 kwanzas (0,017 euros) para 10,89 kwanzas (0,027 euros).
Para os clientes da categoria "doméstica especial", agora designados por categoria "doméstica trifásica", grupo de maior capacidade e consumo, passa dos 7,05 kwanzas (0,018 euros) para 14,74 kwanzas (0,036 euros).
Já a categoria indústria, que anteriormente pagava 7,05 kwanzas/quilowatts agora paga 12,83 kwanzas (0,033 euros), enquanto o comércio e serviços, que pagavam 14 kwanzas passam agora a integrar a categoria doméstica trifásica.
Segundo o Ministério das Finanças de Angola, esta atualização dos tarifários dos serviços de eletricidade, que deveria vigorar desde o passado dia 24 de junho, decorre de uma medida estrutural de gestão macroeconómica, que passa por garantir que os subsídios beneficiem efetivamente os segmentos mais vulneráveis da população, contrariamente ao que vinha sucedendo até agora.
"Neste sentido, as novas tarifas introduzem mecanismos de proteção dos consumidores com menores rendimentos, para além de outras medidas de proteção social, que estão a ser adotadas pelo executivo", lê-se na nota.
A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) considerou que as novas tarifas da eletricidade que entram em vigor em Angola na segunda-feira vão fazer subir a inflação e gerar descontentamento, mas sem agitação social.
"O aumento do descontentamento público em resposta ao aumento dos preços é provável, mas não antecipamos grandes perturbações sociais; a inflação abrandou, mas esperamos que o aumento dos preços da eletricidade, o novo Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e os novos impostos vão contribuir para taxas mais altas nos próximos 12 meses", escrevem os analisas da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.
Numa análise ao aumento dos preços da eletricidade, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Economist dizem que "o aumento médio será de 97% e o impacto da subida será certamente sentido" pelos consumidores.
A retirada dos subsídios era uma das medidas defendidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que tem acordado com Angola um programa de assistência financeira no valor de 3,7 mil milhões de dólares desde o final do ano passado, assim como outras medidas para corrigir os desequilíbrios macroeconómicos do país.
Em junho, o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola defendeu a "eliminação dos subsídios" aos combustíveis, água e eletricidade no país, porque "beneficiam os mais ricos", e a implementação de "programas de apoio às famílias mais vulneráveis".
"A nossa posição nesse sentido é clara, os subsídios aos combustíveis, à água e à eletricidade são ineficientes e (?) beneficiam, principalmente, as pessoas mais ricas, porque são as que mais consomem e mais se apropriam dos subsídios", afirmou Max Alier, em declarações aos jornalistas, em Luanda, conforme a Lusa noticiou, na ocasião.