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Quinta, 07 Novembro 2024 21:44

General Furtado lança alerta sobre contrabando de combustível

No início do mês de Setembro, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, denunciou, na cidade do Soyo, província do Zaire, o envolvimento de altos dirigentes do País no contrabando de combustível para a República Democrática do Congo (RDC).

Entre as figuras, referiu o ministro de Estado, estão governantes, antigos governantes, oficiais generais, oficiais comissários, autoridades administrativas a nível provincial e municipal, bem como autoridades tradicionais. Entretanto, o NJ apurou que a Procuradoria-Geral da República (PGR), através da sua Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DINIAP), começou, na semana passada, a notificar alguns membros do aparelho de Estado, supostamente envolvidos na rede de contrabando de combustível no País. Entre as figuras notificadas, estão ex-governadores, oficiais generais, comissários da Polícia Nacional e do SIC, assim como algumas da AGT e da SONANGOL.

A denúncia do general Furtado criou vários estados de opinião e suspeitas sobre um alegado envolvimento ou cumplicidade da Polícia Nacional. Com a indicação do novo responsável do SIC, os espaços noticiosos televisivos abriram, nesta semana, com acções de desmantelamento de redes de contrabando de combustível e anúncio de novas estratégias de actuação. Sendo também curioso que, nesta mesma semana, o site Club- K noticiava a apreensão, na RDC, de camiões provenientes de Angola com Cobalto, alegando serem pertença do general Furtado, mas tudo fazia parte de um jogo de ataques e contra-ataques.

Existe entre Francisco Furtado e Eugénio Laborinho uma ‘guerra’ que passou de surda a declarada. A situação de proximidade e compadrio entre João Lourenço e Eugénio Laborinho poderá ter dado a este último um certo privilégio e protecção. Francisco Furtado faz apologia da disciplina e do rigor, muito do que tem observado em estruturas como o MININT gera preocupação e inquietações em relação à defesa e segurança nacional. O sistema funciona como um todo e, se há estruturas que não se alinham ou não se organizam, acabam logo eliminadas do sistema.

Eugénio Laborinho é ‘too big to fall’?

É a questão que se coloca. Perante as denúncias, acusações, investigações e inspecções, João Lourenço não ‘mexeu’ logo na estrutura do topo, ou seja, não exonerou Eugénio Laborinho. Não apenas pela amizade, confiança e cumplicidade existente entre ambos, é também porque Laborinho é ainda ‘too big to fall’, ou seja, grande de mais para cair. Para manter a autoridade e até para mostrar que não está ‘refém’ de amizades, o Chefe de Estado acabou esvaziando-o e passando uma ideia de que o seu ministro do Interior estará a prazo. Apesar de algumas falhas de gestão e controlo, apesar de denúncias de alegados envolvimento ou cumplicidade em irregularidades, João Lourenço reconhece-lhe lealdade e disponibilidade. Neste momento, está esvaziado, mas não está ainda descartado. É também certo que Laborinho está na condição de ‘um por todos e todos contra um’, adoptando a postura de resistir, de dar o corpo às balas e à luta. O cerco e o combate contra si começaram, tentando ver quanto tempo vai demorar e quanto tempo vai aguentar.

O Chefe de Estado acabou esvaziando-o e passando uma ideia de que o seu ministro do Interior estará a prazo. NJ

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