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Sexta, 25 Março 2022 12:20

“Há militantes da UNITA disfarçados de sociedade civil” - Rui Falcão

Numa semana marcada, mais uma vez, com a troca de acusações entre os dois principais partidos políticos, em função dos incidentes do Sanza Pombo, o secretário para a informação do MPLA, Rui Falcão, abre-se em entrevista a OPAIS.

Numa semana marcada, mais uma vez, pela troca de acusações entre os dois principais partidos políticos, em função dos incidentes de Sanza Pombo, o secretário para a informação do MPLA, Rui Falcão, abre-se em entrevista ao Jornal OPAIS para falar do actual ambiente político tenso que se vive com o aproximar das eleições de Agosto. Directo nas respostas às questões colocadas, Falcão responsabiliza o seu principal rival partidário, UNITA, pela degradação do jogo político.

A semana finda foi muito tensa com a troca de acusações entre o seu partido e a UNITA em função da ocorrência em Sanza Pombo. Até quando vai durar essa rixa entre o MPLA e a UNITA?

O MPLA não briga com nenhum partido, muito menos com a UNITA. Esta é que que tem, sistematicamente, tentando criar formas de nos atingir com as suas acções violentas.

Como assim?

Basta olhar pelos factos. Sobretudo os dois últimos registos do Benfica e agora do Sanza Pombo, em que a UNITA destruiu as nossas instalações.

Mas a própria UNITA fala em factos criados por vocês, MPLA, para dispersar as atenções públicas e criar factos políticos

Mas que necessidade teria o MPLA de fazer isso?

A nossa posição, enquanto jornalistas, é de questionar

Pois, mas o MPLA, com as responsabilidades políticas que tem, jamais criaria um facto político para confundir a opinião pública

Mas então o MPLA acusa a UNITA de destruição da sua sede no Sanza Pombo e no Benfica, mas, até ao momento, ninguém vai preso, a julgar que esses acontecimentos acontecem a luz do dia e sob o olhar da Polícia. Não é estranho? Mas o que é estranho? Como gostaria que a polícia reagisse, com a violência? É o único recurso que a polícia dispõe?

Não, mas é preciso compreender que a UNITA anda a procura de uma reação a mesma medida do que eles fazem quer da polícia como do MPLA, para depois dar uma de vítima, mas não faremos isso.

Diante de tudo que está a ocorrer, o MPLA considera-se vítima?

Claro que sim. Nós somos os lesados. Nós é que estamos a ser provocados.

Até que ponto consideram-se provocados?

Por exemplo, o que nos foi comunicado, pela direção do partido, na província do Uíge, é que a administração de Sanza Pombo havia autorizado dois actos políticos no mesmo dia, sendo um do MPLA e o outro da UNITA, distanciados por quatro quilómetros. Mas, infelizmente, e pelo facto da aderência de militantes ao acto da UNITA ter sido quase zero, alguns dos militantes deste partido entenderam fazer aquilo que estão orientados, que é partir para a violência e terminou naquilo que todos nós vimos.

Mas não foi um erro estratégico autorizar dois actos políticos, de partidos rivais, num só dia?

A administração é livre de autorizar quantos actos políticos julgar entender, desde que se obedeçam os limites legais. E o grande problema não foi ter sido a realização de dois actos. Foi o levar à cabo de uma estratégia de violência que nós, MPLA, temos vindo a denúncia há mais de um ano.

Como assim?

A real estratégia da UNITA é esta, violência e intimidar as pessoas a ver se condicionam o voto popular.

Mas há provas disso que está a dizer?

As provas estão as mostras. Basta olhar que não é a primeira nem a quinta vez que o fazem. Portanto, nós, já de forma reiterada, temos vindo à público fazer essas denúncias. Para quem estava atento, recentemente, o próprio presidente do MPLA, João Lourenço, numa das suas intervenções, denunciou igualmente isso e chamou-nos a atenção para não reagirmos e que devíamos continuar a demonstrar o nosso comportamento cívico e democrático.

Esse comportamento cívico passa exatamente por aonde?

Em não embarcar na estratégia dos nossos adversários. E quem esteve atento recebeu e percebeu o recado.

E até quando o MPLA vai continuar de braços cruzados diante dessa estratégia do adversário?

Nós não vamos responder às provocações. E a UNITA parece que não vai parar enquanto as autoridades não tomarem a devida providência, repondo a tranquilidade e levarem esses actores à responsabilização e nas barras dos tribunais.

Mas as vossas bases têm sabido acolher aos apelos?

O que nós temos dito aos nossos militantes é para evitarem qualquer tipo de reação que leve ao crescimento desnecessário do tipo de comportamento da UNITA. E, felizmente, temos conseguido manter a tranquilidade e evitar que os nossos militantes entrem no mesmo tipo de atitude. Mas, é fundamental que os órgãos de justiça reajam.

A acusação de caça as bruxas, depois do incidente de Sanza Pombo, não contraria isso que está a dizer?

É falácia. Nem acredite nisso. Basta ver que uma imagem vale mais que mil palavras. E o que aconteceu no Sanza Pombo nem precisa de quaisquer tipos de explicações. Mas, é importante aqui chamar a responsabilidade dos órgãos de defesa e segurança no sentido de evitar que essa prática da UNITA tome outras proporções.

Depois de todos esses incidentes, vocês apresentaram alguma queixa formal às autoridades?

Claro. É o que temos feito, apresentar queixa formal às autoridades porque não compete a nós fazer justiça por mãos próprias.

Mas o que estará na base da não responsabilização, até ao momento, das pessoas que atentam contra o vosso patrimônio?

Estamos a aguardar. E dizer também que, neste momento, para além de já termos formalizado a queixa junto à polícia, nós também estamos a pensar em fazer a apresentação de uma queixa formal junto da Assembleia Nacional em ralação a esse comportamento da UNITA... É que os arruaceiros de Sanza Pombo não partiram só a sede do MPLA, bem como também as estruturas da Rádio Nacional e a administração municipal. Portanto, esperamos que a este nível sejam tomadas as medidas pelas autoridades porque nós não podemos incitar aos nossos militantes a agirem olho por olho e dente por dente.

Enquanto partidos com maiores responsabilidades, o MPLA e a UNITA não receiam que estas brigas podem ganhar contornos ou caminhos sem voltas, como no passado, sobretudo no actual momento que o país preparam-se para as eleições?

Mas o MPLA está a ser vítima da UNITA. Nós nunca tomamos nenhuma posição que ponha em crise a paz e a estabilidade politica. Agora a UNITA sim. Sempre optou pela desestabilização de Angola dos angolanos. Basta ouvir os discursos dos seus lideres, são os mesmos do tempo de guerra. Não mudam.

É um fugir das culpas do MPLA?

Mas que culpa, se a violência é génese da UNITA. Este partido não sabe viver em democracia e não tem perfil para ser governo. Eu ainda acredito que hajam bons dirigentes na UNITA, mas, grosso modo, o partido não tem capacidade de diálogo. É um partido com muitos bandidos lá dentro. Toda a gente sabe disso. Por isso nós, MPLA, esperamos que o povo saiba penalizar a UNITA nas urnas

De que formas?

Não votando neste partido por não ter perfil e sentido de Estado. Se a UNITA não sabe conviver com quem pensa diferente, imagine um dia, se por sorte do diabo, esse partido atinja o poder, o que seria desse país? Portanto, é preciso que o povo ponha as mãos na consciência e penalize a UNITA e a todos outros que estão com esse partido.

Quem são esses outros?

Para identificar esses outros basta que se ouve os discursos de alguns grupos. Essa mentira de sociedade civil que alguns ostentam é para fugir à realidade e criar um outro cenário porque sabemos que há militantes da UNITA disfarçados na capa de sociedade civil.

Como assim?

Bem. É preciso que estejamos atentos. Há grupos perfeitamente identificados que andam por aí agindo como sociedade civil, mas são todos militantes pagos pela UNITA, não hajam dúvidas disso.

Não estará o MPLA a ver fantasmas aonde não existem?

Não precisamos escamotear a verdade. Os factos estão aí. Não vale a pena esconder a realidade. A UNITA, por mais que mude o quadro toda a agente sabe qual é o seu comportamento.

“A violência é génese da UNITA. Este partido não sabe viver em democracia e não tem perfil para ser governo. Eu ainda acredito que hajam bons dirigentes na UNITA”

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Last modified on Sexta, 25 Março 2022 12:38