Angola não é uma economia típica, por ser uma economia totalmente dependente da produção de hidrocarbonetos, o que acarreta um conjunto de consequências, entre as quais a Doença Holandesa (The Dutch Disease) que é um termo que foi baptizado pela revista Britânica The Economist em 1977 ao verificar um aumento exponencial das importações na Holanda em função da excessiva apreciação do Florin (a antiga moeda Holandesa) pela produção de gás natural no mar do Norte.
A corrupção em Angola continuará a ganhar batalhas e a ter êxitos, enquanto o nosso medo de cidadão existir e estar fundamentado no equivoco de que protestar contra o governo é um instrumento que atiça o conflito entre o poder governamental e a oposição, ou os partidos que tradicionalmente se opuseram ao MPLA.
Os editoriais do Jornal de Angola a desancar Portugal são insuportáveis. A forma é gongórica, o tom arrogante, a visão distorcida, a sabujice evidente, a parolice risível. Aquilo lembra a escola do pós-guerra do Diário da Manhã, num exercício de jornalismo falsamente legitimado pelos interesses da Pátria e interpretado por uma moral política inspirada em Salazar. Isto quer dizer que Portugal se tem portado bem com Angola? Não.
O silencio absoluto, do ditador José Eduardo dos Santos-MPLA, sobre o actual tema candente em Angola, referente ao Sobrinho do ditador, acusado no Brasil, de trafico de prostitutas drogas etc. pode levar as seguintes cogitações imediatas:
Ao contrário dos terroristas da UNITA que foram enquadrados à sociedade fazendo-se o uso de uma anistia para lá de criminosa. O jovem adolescente de 17 anos idade, Nito Alves, não precisa de anistia, nem de uma mão benevolente disposta a fazer favor ao mesmo por algo que ele tem de direito; primeiro, por ser menor de idade e livre de se expressar como quiser.
O Capitalismo é assim e as teorias de mercado em que ele se fundamenta para ser um regime que dá preferência ao Capital funcionam sem discriminar o que é bom e o que é mau: o acúmulo de lucro ou de capital pode vir de onde vier, não importa se seja na produção ( trabalho de verdade que dignifica o ser humano); não importa se esse capital é especulativo ( em que se vê o sacrifício do homem e/ou da natureza); o importante é gerar lucros.
Consta que foi o conteúdo deste artigo de opinião (hor@ga) de Gustavo Costa que esteve na origem da decisão dos proprietários do Novo Jornal de "queimarem" a última edição do semanário.
É um lugar comum dizer que a Justiça em Portugal não funciona. Todo o imbróglio em volta da recente tensão com Angola comprova isso mesmo. O país ficou a saber pela RTP que o Departamento Central de Investigação e Acção Penal arquivou o inquérito ao Procurador-geral de Angola, aparentemente uma das razões para o mal-estar entre os dois países. A fazer fé nas informações, o processo terá sido arquivado em Julho deste ano, dois meses antes da polémica entrevista de Rui Machete à Rádio de Angola (onde terá pedido desculpas pela situação).