Por outro lado, o BNA diz que a revelação do nome do Banco Comercial que permitiu a saída de avultadas somas de dinheiro, encontradas em posse do Major Lussaty, não depende exclusivamente de si.
Vulnerabilidades no sistema financeiro em Angola
O Banco Nacional de Angola (BNA) identificou vulnerabilidades a nível dos bancos comerciais e deu orientações para adotarem planos de ação para os corrigir, disse hoje um administrador da instituição financeira.
Questionado sobre o anúncio do BNA relativo à abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias em que o dinheiro levantado por um banco comercial foi encontrado na posse de oficiais da Casa de Segurança da Presidência da República, Pedro Castro e Silva adiantou que são feitas investigações regulares aos bancos.
“Fazemos investigações regulares aos bancos para saber se cumprem com as melhores práticas, para saber se cumprem a nível do branqueamento de capitais”, sublinhou à margem da apresentação da 12.ª edição do estudo Tech Trends, hoje apresentado pela consultora Deloitte em Luanda.
“Ainda bem que tivemos conhecimento desta notícia, isso permitiu-nos identificar outras vulnerabilidades que existem ao nível dos bancos. Temos várias identificadas e, em consequência disso, orientámos os bancos para terem planos de ação para corrigir estas vulnerabilidades, é o que vamos fazer também nesse caso”, disse o responsável.
Na segunda-feira, a justiça angolana anunciou a apreensão de vários milhões de dólares, euros e kwanzas no âmbito de um processo de investigação a oficiais das Forças Armadas, suspeitos dos crimes de peculato, retenção de moeda, associação criminosa e outros.
Entre estes encontra-se o chefe das finanças da banda musical da Presidência da República, major Pedro Lussaty, detido na semana passada quando transportava duas malas carregadas com 10 milhões de dólares (o equivalente a 8,1 milhões de euros) e 4 milhões de euros.
Pedro Castro e Silva afirmou que não é possível avançar para já o nome do banco comercial que está a ser investigado: “É nisso que estamos a trabalhar”, referiu.
Sobre a forma como o BNA se adaptou à pandemia de covid-19, adiantou que foi posto em prática um plano de continuidade de negócio e reduzido o número de pessoas, “sem descurar o bom funcionamento das infraestruturas tecnológicas que garantiu que o sistema de pagamentos pudesse continuar a funcionar”.
O mesmo responsável indicou que o BNA lançou um estudo sobre a moeda digital para analisar os modelos que existem, que vai ser detalhado na segunda fase para adaptar os conceitos à realidade angolana.
Pedro Castro e Silva avançou igualmente que o BNA quer garantir que, a partir de 1 de outubro, os produtos e serviços tecnológicos estarão todos integrados entre si, permitindo a interoperabilidade, incluindo o ‘mobile money’ (transferências de dinheiro por telemóvel).
Numa primeira fase, os pagamentos serão feitos entre pessoas e, no próximo ano será possível fazer pagamento de serviços e em lojas, acrescentou.