É uma chaga que transforma o mérito em moeda de troca e a esperança em desilusão. Muitos se perguntam. como vencê-la? Serão suficientes as leis, os tribunais, as operações policiais? Ou será que, antes de qualquer estrutura formal, precisamos de algo mais essencial como valores humanos que resgatem a dignidade perdida?
É neste ponto que surgem os trigéminos capazes de desafiar a corrupção: a humildade, a honestidade e a transparência. A humildade ensina que ninguém está acima da verdade, que governar é servir e não se servir. Um líder humilde não se perde em arrogância nem se embriaga com o poder; ele escuta, valoriza os simples e entende que ocupar um cargo é missão, não privilégio.
A honestidade, por sua vez, é o espelho que não engana. Não se resume a recusar um suborno ou devolver o que não lhe pertence; é também a coerência entre o que se diz e o que se faz, a integridade que não se negocia. Uma sociedade só floresce quando a honestidade deixa de ser exceção e se torna regra. É a semente de um país onde cada funcionário cumpre o seu dever sem esperar recompensas ocultas e onde cada cidadão paga impostos sabendo que o dinheiro retornará em serviços de qualidade.
E a transparência é a luz que dissipa as sombras. A corrupção adora o segredo e a opacidade; é nas sombras que os pactos ilícitos encontram abrigo. Quando os governos são transparentes, os cidadãos podem acompanhar o destino do orçamento, participar de processos claros e ter acesso livre à informação. A transparência fortalece a confiança, cria pontes onde antes havia desconfiança e desmonta o terreno fértil da corrupção.
Esses trigéminos não são virtudes abstratas, mas escolhas diárias e práticas concretas que, quando vividas, regeneram sociedades. A corrupção não será vencida de um dia para o outro, mas cada ato de integridade abre uma fresta por onde a esperança entra. Se formos humildes para reconhecer as nossas falhas, honestos para agir com retidão e transparentes para prestar contas, a corrupção, por mais enraizada que esteja, começará a perder força.
O futuro que sonhamos depende de todos nós. Depende da coragem de cada cidadão que escolhe os trigéminos da integridade em vez dos gêmeos da corrupção: arrogância, mentira e segredo. Se quisermos que os nossos filhos herdem um país justo e digno, temos de plantar hoje as sementes da humildade, da honestidade e da transparência. São elas que nos guiarão à verdadeira vitória sobre a corrupção.
Por Rafael Morais
