De acordo com a edição eletrónica do jornal nigeriano Business Day, a marinha intercetou o navio, que está sob custódia das autoridades do Gana no Porto de Tema, estando os operacionais da Interpol a investigar as circunstâncias do sequestro do navio.
No final da semana passada, as comunicações com o navio grego que operava sob bandeira liberiana em águas angolanas foram interrompidas, havendo contradições sobre o que se passou quando estava ao largo de Angola.
As autoridades angolanas dizem que o barco simplesmente seguiu um pequeno barco de reboque até à Nigéria, enquanto a empresa proprietária do navio diz que os piratas subiram a bordo e roubaram uma quantidade significativa de petróleo enquanto a embarcação rumava para norte, a caminho da Nigéria.
No comunicado de hoje citado pelo jornal nigeriano, o diretor de informação naval, Kabir Aliyu, disse que a apreensão do navio só foi possível devido ao sistema de vigilância remota e às patrulhas feitas pelos navios da marinha nigeriana.
O texto diz que a resposta nigeriana surge no seguimento de uma nota do Departamento Marítimo Internacional (IMB, no original), no dia 25, que colocava o MT Kerala já ao largo da Nigéria.
"Rapidamente, três navios de patrulha partiram em busca do MT Kerala. Dois outros navios, o MT Itri e um barco de reboque [manobrador de navios de grande porte], estavam alegadamente nas proximidades do Kerala transferindo produtos de um barco para o outro [ship to ship], em clara violação das regulações nigerianas", refere a nota.
As autoridades nigerianas criticam ainda o comportamento da tripulação e da empresa proprietária do navio no seguimento da saída dos piratas do navio.
Na segunda-feira, a empresa dona do navio-tanque Kerala disse que autoridades internacionais e agências de informação experientes em incidentes de pirataria iriam subir a bordo do navio para "recolher informações e provas forenses" do sequestro ao largo de Angola.
O comunicado divulgado ao final da manhã de segunda-feira, o último a ser disponibilizado, explica também que o contacto com o Kerala foi perdido no dia 18, no sábado, e que foram contactados "profissionais experientes para lidar com este tipo de incidentes".
A tese defendida pelas autoridades angolanas aponta para um embuste. Segundo o porta-voz da Marinha angolana, capitão Augusto Alfredo, o Kerala, embarcação de 60 toneladas que aguardava autorização para atracagem no porto de Luanda para cumprir um frete da petrolífera angolana Sonangol, simulou o sequestro em conluio com um rebocador já referenciado noutras ações de sequestro ao largo do Gabão, em 2013.
"O petroleiro Kerala, cujo contrato de prestação de serviço à Sonangol termina no próximo dia 12 fevereiro, na noite do dia 18 desligou o sistema de comunicação e navegou em direção à Nigéria", disse o capitão Augusto Alfredo à Lusa.
Segundo explicou o oficial angolano, "tudo aconteceu quando o rebocador Gare, que é réplica de um outro com o mesmo nome e que havia participado em acções de pirataria no Gabão no ano passado e que está desativado na Nigéria, se aproximou do Kerala, entrou em comunicação com este e de seguida o petroleiro levantou âncora e rumaram os dois para a Nigéria".
"Portanto tudo não passou de uma simulação de sequestro da parte da tripulação e do seu agente", frisou o capitão Augusto Alfredo, reafirmando que "não há qualquer ação de pirataria nas águas nacionais" angolanas.
Lusa