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Sábado, 30 Janeiro 2016 20:31

Polícia Nacional Impede manifestação de Estudantes Universitário em Luanda

Algumas dezenas de estudantes do ensino superior manifestaram-se em Luanda neste sábado, empunhando cartazes contra os "aumentos exorbitantes" nas taxas e propinas das universidades públicas e privadas angolanas, que chegam aos 100%. A polícia interveio para impedir o protesto.

O objectivo anunciado pelo Movimento de Estudantes Angolanos (MEA) era marchar em direção ao largo 1.º de Maio, no centro de Luanda. "A polícia veio e tirou-nos à força, com pressão. Não nos deixaram passar [marchar para o centro], disseram que eram ordens superiores", disse à Lusa Miguel Quimbenze, porta-voz do MEA. Ainda assim, e sempre sob forte aparato policial, constatou a Lusa, um grupo de pouco mais de 20 estudantes conseguiu protestar, com cartazes, contra os aumentos nas universidades, junto à estrada de Catete, de acesso ao centro de Luanda.

Apesar da mobilização policial, não se registaram confrontos ou detenções.

Já depois da convocação deste protesto, o Ministério do Ensino Superior anunciou, na sexta-feira, que durante a próxima semana vai reunir-se com universidades e associações de estudantes para abordar os valores de taxas, emolumentos e propinas cobradas pelas instituições.

"Temos agora uma moratória de sete dias e depois esperamos mais duas semanas. Se nada se alterar, então vamos convocar novo protesto e antes do início do ano lectivo voltaremos a sair a rua", afirmou o porta-voz do MEA.

Os estudantes criticam os aumentos nos valores cobrados para as taxas de ingresso, que face ao ano escolar de 2015 chegam a ultrapassar os 100%, variando entre os 4000 e os 12.480 kwanzas (23 a 76 euros), explicou Miguel Quimbenze. Os estudantes denunciaram igualmente aumentos generalizados nas propinas, que passaram para entre 30.000 e 38.000 kwanzas (177 a 224 euros) por mês, dependendo das universidades.

O ano lectivo em Angola arranca em Março, e neste momento está a decorrer o período de candidaturas ao ensino superior. 

O salário mínimo nacional em Angola está fixado desde 2014 entre os 15.003 e os 22.504 kwanzas (88 a 132 euros), mas os preços não param de subir há mais de um ano, devido à crise financeira, económica e cambial que o país atravessa, por causa da quebra na cotação do petróleo. O kwanza já perdeu 35% do seu valor oficial face ao dólar.

Mas se a taxa oficial diz que um dólar vale 155 kwanzas, no mercado negro vale 335 kwanzas, e há muito onde fazer este câmbio não oficial, diz a AFP. 

O protesto deste sábado, que devia terminar no centro da cidade de Luanda, fortemente vigiado pela polícia, visava ainda reclamar a implementação de um passe social do estudante, devido aos aumentos, este mês, do preço dos combustíveis e dos transportes públicos, após a eliminação do subsídios aos combustíveis - outra medida de austeridade causada pela descida do preço do petróleo. 

Além de 45 estabelecimentos privados de ensino superior legalizados (um destes sem funcionar), Angola conta com 28 públicos, que cobrem, nas sete regiões académicas, todo o país.

Mais de 269.000 estudantes frequentavam as instituições de ensino superior em Angola, no arranque do ano lectivo de 2015, marcado pelo alargamento dos cursos de Medicina às províncias do Uíge e do Cuando Cubango.

Lusa

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