Um jogo de vídeo pode cometer um “atentado à honra” de uma figura histórica? A família de Jonas Savimbi iniciou um processo judicial por difamação, contra a filial em França da empresa que edita o jogo Call of Duty, considerando que o falecido líder da UNITA surge como “um bárbaro” na edição de 2012, Black Ops II.
Três dos filhos de Savimbi moram na região de Paris e processaram a filial francesa da empresa norte-americana Activision Blizzard, que edita o jogo. Exigem uma indemnização de um milhão de euros e a retirada da versão do jogo que consideram ofensiva para a memória do seu pai. O caso será examinado pelos juízes a 3 de Fevereiro.
Savimbi, o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), de formação maoísta mas aliado dos Estados Unidos durante a Guerra Fria, foi morto em 2002, pondo fim à longa guerra civil angolana com o MPLA, no Governo desde a independência.
Mais de dez anos após a sua morte, e três anos após a saída do jogo, os seus filhos descobriram o pai no Call of Duty de 2012, como aliado do herói do jogo, Alex Mason, numa missão no Cuando Cubango, em 1986, no auge da guerra civil angolana. Savimbi ajuda Mason a resgatar um agente da CIA feito prisioneiro na selva.
Mas a forma como Savimbi é representado no jogo desagrada aos seus filhos: “é uma grande besta que quer matar toda a gente”. É uma imagem “caricatural”, que não corresponde à sua personalidade de “líder político e de “estratega”, afirma a advogada da família, Carole Enfert.
O editor do jogo recusa esta acusação. Considera ter representado Savimbi “como ele era: uma figura da história angolana, um chefe de guerrilha que combateu contra o MPLA”, argumenta Etienne Kowalski. Além disso, o jogo mostra-o numa faceta “essencialmente favorável, como alguém que ajuda o herói”.
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