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Domingo, 22 Março 2015 13:23

Assaltos aos Bancos envolvem funcionários bancários

Vários casos de assaltos à saída de bancos em Luanda ganharam repercussão nos meios de comunicação social, com destaque para o caso “Sagrada Família”, cujos autores foram capturados pela Polícia Nacional e confessaram a participação de um funcionário bancário, que lhes passou informações sobre a vítima.

A Polícia Nacional afirma que, com o efectivo existente, uma média de um agente para 1.500 pessoas, é impossível fazer uma cobertura adequada de todas as situações delituosas. Acrescenta que já é tempo de se fazer uma revisão do Código Penal com o agravamento das penas, de modo a desencorajar o cometimento de crimes.

A Polícia Nacional, que assinalou 39 anos de existência a 28 de Fevereiro, aposta no policiamento de proximidade e defende que uma maior participação dos cidadãos pode ajudar muito na prevenção e combate ao crime. Em várias declarações públicas e campanhas de sensibilização, a Polícia frisa a importância da tomada de medidas de segurança, por parte de particulares ou empresas que procedam ao levantamento de somas avultadas nos bancos.

A negligência actua a favor dos assaltantes. Victor Pedro, especialista em segurança patrimonial e física, concorda com o que diz a Polícia. “As pessoas têm de perceber que a segurança não reside apenas em meios militares ou policiais, mas na forma como o cidadão cuida de si próprio”, afirma. E acrescenta: “Um indivíduo não pode ir a um banco sozinho levantar uma alta soma sem que solicite a escolta de agentes da Polícia ou de uma equipa de segurança privada. O não cumprimento dessa regra põe em risco a vida dessa pessoa e os seus bens”.

Medidas de segurança

O especialista aponta outras medidas a tomar pelos cidadãos para evitar que se tornem vítimas dos marginais: ter em conta a localização da agência bancária, possíveis aglomerações dentro e fora da agência bancária e, no caso de somas avultadas, solicitar notas de maior valor facial para evitar grandes volumes que chamem à atenção dos criminosos.

Após o saque do dinheiro, recomenda-se que o cliente olhe em redor antes de entrar no carro e que, ao conduzir, dê atenção aos três espelhos retrovisores para verificar se está a ser seguido. Em caso de desconfiança, uma aceleração ligeira seguida de afrouxamento na marcha permite confirmar uma perseguição, caso o veículo suspeito faça o mesmo. O passo seguinte é dirigir-se a uma unidade policial ou militar ou ainda abordar um agente ou viatura das Forças da Ordem. Outro pormenor a ter em conta é o número de vezes com que nos deparamos com um mesmo indivíduo num curto espaço de tempo, o que pode ser um sinal de que estamos a ser seguidos.

Falhas dos Bancos

O especialista em segurança patrimonial e física disse que certos assaltos só acontecem devido a alguns erros cometidos pelos próprios Bancos. Victor Pedro aponta como falha a leitura que se faz ao sinal de proibição do uso de telefone que existe em quase todos os bancos.O especialista diz que não apenas os clientes devem estar impedidos de usar o telefone dentro do banco, mas também os funcionários.

“Ninguém garante que certas ligações ou chamadas que eles fazem ou recebem não sejam para dar informações sobre o valor que um determinado cliente esteja a levantar”,  afirmou.

Victor Pedro sugere que os responsáveis dos Bancos devem proibir alguns funcionários, sobretudo os que atendem nos caixas, de usarem telefone em horário normal de trabalho, para evitar possíveis colaborações entre funcionários e marginais, mas também para pôr cobro ao clima de suspeição reinante. Apontou ainda falhas na contratação dos serviços de segurança.

Muitos responsáveis de Bancos evitam o recurso a empresas credenciadas, por considerarem que são caras e preferem outras, cujo pessoal não é bem treinado e aufere salários baixos. “Algumas empresas de segurança pagam mal aos seus funcionários. A má remuneração  faz com que abandonem o serviço e, ao fazê-lo, levam consigo informações importantes sobre a segurança do Banco, o que é grave”, disse o especialista.

O conhecimento do número de guardas, posicionamento e armamento disponível pode ir parar aos marginais. “Os responsáveis dos bancos devem prestar muita atenção a esse pormenor antes de contratarem as empresas de segurança”, aconselhou.

Vigilância camuflada

Victor Pedro disse, também, que os sistemas de vídeo vigilância deviam estar bem escondidos. “Qualquer pessoa que entra no Banco consegue ver com facilidade a posição de cada câmara. Isso não está certo”, advertiu.

Erros são também cometidos no acto de revista. O especialista diz que os guardas vistoriam apenas pessoas que consideram mal vestidas e deixam passar os que se apresentam de fato e gravata.

As enchentes que se registam em alguns Bancos devem ser evitadas, porque facilitam que os marginais se infiltrem nas agências para controlar quem levanta grandes somas.

A hora do almoço é, em muitos Bancos, o momento em que se registam mais enchentes. “Os responsáveis dos Bancos não deviam permitir que os funcionários fossem almoçar ao ponto de ficar uma única pessoa a atender na caixa”, disse.

Victor Pedro defende também que os serviços de segurança adoptem métodos de cobertura, como a colocação de agentes à civil.

Numa equipa de seis homens, apenas um devia estar fardado e identificado, enquanto os demais devem operar sem distintivos nem armas à vista.

JA

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