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Segunda, 01 Dezembro 2025 15:27

Governo angolano vai deixar de atribuir a privados autocarros para serviço de transporte público

O ministro dos Transportes angolano anunciou hoje alterações ao modelo de gestão dos transportes públicos e o fim da atribuição de autocarros a operadores privados, que devem passar a adquirir os meios por conta própria.

Ricardo de Abreu, que abordou hoje o tema sobre "A Mobilidade de Pessoas e Bens em Angola" como convidado da IV edição do programa "Conversas Economia 100 Makas", do jornalista angolano Carlos Rosado de Carvalho, admitiu que a questão dos transportes públicos é uma preocupação no país.

"Essa é uma das minhas maiores preocupações e uma das coisas que mais sono me tira, não posso deixar de assumir essa responsabilidade de assegurar que temos que alterar o paradigma", disse o ministro.

Segundo Ricardo de Abreu, há sete anos nas funções, seguiu, numa primeira etapa, o modelo que herdou, "onde era o próprio Ministério dos Transportes que distribuía autocarros aos operadores".

O governante angolano avançou que este modelo foi alterado e os meios passaram a ser entregues aos governos provinciais, que, por sua vez, procedem à seleção dos operadores.

"Estruturalmente, precisamos de alterar isso", disse o ministro, justificando que não é vocação dos privados o serviço de transporte público, quando atualmente "muitos deles estão ali na zona de oportunidade de volume, não é porque querem prestar um serviço público ao cidadão".

"Esse é um compromisso que assumimos e hoje, felizmente, já conseguimos dentro de toda a equipa multissetorial, que está envolvida nesse processo, a compreensão desse facto, ou seja, isso é um serviço público de responsabilidade política. Eu não posso ter como principais participantes neste serviço entes privados, porque eles vão especular", acrescentou.

O ministro garantiu alterações nos próximos 18 meses, frisando que nos últimos cinco anos foram distribuídos 2.293 autocarros, dos quais 1.045 entregues a Luanda, frisando que o tempo de vida dos autocarros em Angola varia entre três anos e cinco anos ao invés de 10 anos como em outras partes do mundo, essencialmente pelas dificuldades de manutenção e a sustentabilidade e garantia do financiamento ao custo operacional.

O titular da pasta dos Transportes em Angola frisou que a questão da melhoria da mobilidade em Luanda encerra ações de curto prazo, fundamentalmente o reforço dos meios disponíveis atualmente, a melhoria do modelo de governação e Integração, a transformação do modelo tarifário, bem como medidas de médio prazo, ligadas ao inicio da construção dos sistemas de alta capacidade, nomeadamente BRT [sigla em inglês de trânsito rápido para autocarros), prevendo-se estarem disponíveis nos próximos 24 meses, e o metro de superficie.

De acordo com o ministro, o cenário atual decorre da dificuldade de se garantir a sustentabilidade da mobilidade urbana, junto da Empresa de Transportes Coletivos Urbanos de Luanda (TCUL, operadora pública), e os operardes privados.

O serviço de transportes públicos angolano conta atualmente com 270 operadores.

O relatório do Banco Mundial de 2025, denominado "Ir Além do Petróleo: estabelecer as bases para o crescimento e o emprego", refere que os transportes coletivos urbanos em Angola "ainda não consegue satisfazer a forte procura", sendo este serviço garantido maioritariamente por "candongueiros" [táxis privados coletivos], que não garantem a devida segurança aos seus utilizadores, apelando a várias reformas, entre as quais a implementação de corredores exclusivos para autocarros e melhoria na gestão do tráfego urbano.

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