A administradora falava durante um encontro entre o governo da província, dirigido pelo governador em exercício, Abel Kapitango, e as administrações das duas localidades, autoridades tradicionais e eclesiásticas, bem como representantes das duas tribos rivais.
Disse que o conflito iniciou-se em Março do ano em curso, quando um grupo de mucubais supostamente roubou gado dos nyanekas e, em retaliação, um mucubal foi morto.
De acordo com Júlia Morais o roubo de gado e o uso da mesma repressa de água do Mulovei, no município das Cacimbas, tem sido a razão das rixas entre as duas etnias.
Afirmou que o clima continua tenso até ao momento e que a população quer retaliação, pelo que tivemos que recorrer aos órgãos de defesa e segurança.
Nesta altura, disse, a população está concentrada junto à Administração Municipal e as crianças nas cozinhas comunitárias.
Frisou que um grupo de 300 pessoas armado com zagaias e catanas estão em direcção ao municipio de Camucuio à procura dos mucubais para fazer justiça pelas próprias mãos em retaliação pela morte dos seus familiares.
A administradora salientou que os mucubais quando vão à localidade de Mulovei, onde está a represa não vão dar só de beber o gado, como tambem vandalizam lojas, roubam bem alimentares e retiram o capim da cobertura das residências dos populares, sob o argumento de que este produto é comida dos animais.
Por seu lado, o administrador do Camucuio, Mauel Canivete, afirmou que desde Maio até à presente data foram registados casos de roubo de gado e luta entre as duas tribos.
Afirmou que a Polícia tem resolvido as brigas, mas no caso da rixa do último fim-de-semana a situação piorou, com um grupo de mucubais a invadir as cacimbas na área do Mulovei.
Frisou que neste momento não há tranquilidade no município de Camucuio, pelo que os mucubais estão sob custódia da Administracao e da Polícia Nacional, porque um grupo de nyanecas está munido de motorizadas e armados com zagaias e catanas para matar o povo mucubal.
Durante o encontro, o soba grande das Cacimbas, Manuel Ndengue, disse que o problema só será resolvido com a distribuição de uma represa para cada tribo.
Denunciou que quem está a cometer os crimes são jovens, apesar de os seus progenitores terem desaconselhado a justiça pelas próprias mãos.
O representante da etnia mucubal, Bapauca Wate, disse que o conflito é centenário, derivado da utilização dos nyanecas pelos colonos para roubar os filhos dos mucubais para servirem como escravos e do roubo do seu gado.
"De lá para cá a rivalidade entre nós continua”, disse, acrescentando que o povo mucubal só tem rivalidade com os nyanecas da localidade do Mulundo, pois os demais “são amigos e convivem na normalidade”.
Os representantes dos nyanecas solicitaram uma represa para a sua comunidade.