Segundo o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, Nestor Goubel, perto de 800 manifestantes estavam a meio da marcha quando “um grupo de arruaceiros, aproveitando-se, entrou para o grupo do MEA [Movimento de Estudantes Angolanos]”.
Nestor Goubel referiu que a Polícia criou uma barreira de contenção, “para não evoluírem”, frisando que os integrantes deste grupo apedrejaram a polícia, proferiram palavras obscenas, bem como protagonizaram cenas de nudismo.
“Entraram no grupo do MEA e começaram a fazer uma série de desacatos”, disse a mesma fonte, em declarações à Televisão Pública de Angola, salientando que face à situação a polícia impediu que a marcha continuasse.
O porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional salientou ainda que aquelas pessoas não tinham qualquer ligação com o MEA, os organizadores da manifestação, que dando conta "da ameaça e do perigo que estavam a correr e do aproveitamento deste grupo" terminaram ali o protesto.
“Fizeram a leitura do manifesto e foram-se embora. O grupo ficou ali, continuou a fazer atos de vandalismo (…), mas a polícia manteve-se calma e tolerante”, relatou.
O responsável destacou o papel “muito tolerante” da polícia face às provocações, demonstrando, na sua opinião, que as forças policiais estão preparadas para acompanhar manifestações e grandes eventos. “Em nenhum momento a polícia arredou pé, em nenhum momento foi lançado gás lacrimogéneo, a polícia hoje deu mostras (…) que tem bastante experiência, é uma polícia que vem acumulando experiência republicana”, acrescentou.
No terreno estiveram destacados perto de 1.500 efetivos, incluindo a Polícia de Intervenção Rápida (PIR), segundo avançou Nestor Goubel. Centenas de angolanos participaram hoje nos protestos contra o aumento das propinas, do combustível, dos serviços do táxi e da precariedade das famílias, acusando as autoridades de insensibilidade ao clamor do povo e criticando impedimentos da polícia.
Vários cidadãos, entre ativistas, estudantes, encarregados de educação, taxistas, “zungueiras” (como são conhecidas as vendedoras ambulantes em Angola), músicos, políticos da oposição e demais atores sociedade civil juntaram-se à marcha promovida pelo MEA.
“Livro, carteira, saúde e educação” eram os cânticos que os manifestantes entoavam no decurso da marcha, que partiu as 13:00 locais do largo do Mercado de São Paulo e tinha como destino o Ministério das Finanças, centro de Luanda. Devido às barreiras impostas pela polícia, os manifestantes não conseguiram chegar ao destino final do protesto.