O Governo angolano anunciou, quinta-feira, a subida a partir de hoje do preço do litro do gasóleo, o segundo aumento, este ano, passando dos atuais 300 kwanzas (cerca de 0,28 euros) para 400 kwanzas (aproximadamente 0,37 euros).
“Recebemos a notícia com muita preocupação, com muita tristeza, porque, apesar de termos conhecimento da necessidade que o Governo diz ter em retirar gradualmente os subsídios aos combustíveis, nós como taxistas, dependentes totalmente dos combustíveis, sobretudo gasóleo, não estamos de acordo com a medida, porque ela vai piorar e asfixiar cada vez mais os taxistas”, disse Francisco Paciente em declarações à Lusa.
Para o presidente da ANATA, essa medida “vai matando gradualmente as pequenas iniciativas privadas quer no âmbito dos transportes quer no âmbito de outras atividades produtivas como a agricultura, a pesca, porque esses também dependem deste importante combustível”.
“Não estamos satisfeitos, nós enquanto maior plataforma de orientação e defesa dos taxistas estamos muito consternados e preocupados com a situação económica e social da classe”, referiu.
Segundo Francisco Paciente, hoje está a decorrer a assembleia de líderes para começar a ouvir as preocupações dos taxistas, sublinhando que “o Governo não está preocupado com a condição socioeconómica desta classe”.
“Está é mais preocupado em fazer o aumento do preço e criar inflação e dificuldades para o próprio povo e isto preocupa-nos bastante”, observou.
O líder associativista frisou que não se pode descartar um aumento da corrida do táxi, um movimento “recíproco”, não só para os táxis, mas em todas áreas e produtos, na medida em que “o gasóleo tem um impacto muito grande em relação à gasolina”.
“Por isso a subida do gasóleo vai efetivamente mexer com a situação de preços no país (…) devo dizer que isso vai sim alterar o preço da corrida de táxi”, afirmou.
De acordo com Francisco Paciente, hoje o Governo está reunido com as associações, já depois do aumento do preço do gasóleo, mas os líderes estão preocupados com os seus associados “e não mais para ouvir aquilo que já é público”.
O comunicado do Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo (IRDP) refere que os preços dos restantes produtos em regime de preços fixados — nomeadamente a gasolina, o petróleo iluminante e o gás de petróleo liquefeito — mantêm-se inalterados.
A evolução dos preços do gasóleo e da gasolina em Angola desde o início da retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, em 2023, reflete um processo de ajuste progressivo implementado pelo Governo angolano, com o objetivo de alinhar os preços com os valores de mercado até ao final de 2025.
Desde junho de 2023, o preço da gasolina subiu de 160 kwanzas (cerca de 0,15 euros) para 300 kwanzas (0,28 euros) por litro, um aumento de 87,5%, enquanto o gasóleo aumentou de 135 kwanzas (0,13 euros) para 400 kwanzas (0,37 euros) por litro, o que corresponde a mais de 120% de acréscimo.
Desde o início do ano, o preço do gasóleo subiu 50% em março, para 300 kwanzas, tendo agora um novo aumento de mais 100 kwanzas por litro.
Em 2022, os subsídios aos combustíveis totalizaram 1,98 biliões de kwanzas (cerca de 1,84 mil milhões de euros), com o executivo a prever uma poupança anual de cerca de 400 mil milhões de kwanzas (372 milhões de euros) com a sua eliminação, que pode acontecer até ao final de 2025.
A política de retirada de subsídios visa reduzir o peso da despesa pública e redirecionar recursos para setores prioritários como saúde e educação.