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Quinta, 10 Abril 2025 10:23

“Já recebi ordens para eliminar certos indivíduos e não o fiz” - General Nunda

Para Geraldo Sachipengo Nunda, muitas das informações que chegavam ao líder da UNITA, Jonas Savimbi, para a eliminação de certas pessoas, precisavam ser melhor apuradas. Por esta razão, detalhou, é que não alinhava na ideia de eliminação de homens e mulheres porque achava não ser justo a meio a tantas incompreensões e intrigas.

O general Geraldo Sachipengo Nunda revelou, ontem, que, no tempo da guerrilha, havia recebido, várias vezes, ordens do líder da UNITA, Jonas Savimbi, para matar certas figuras, mas que não o fez por compreender que algumas situações não passavam de intrigas.

Em declarações à Rádio Nacional, no ámbito dos 50 anos da Independência Nacional, Nunda disse que este seu posicionamento valeu-lhe, por muito tempo, estar de "costas viradas" com altas figuras da UNITA, na altura, incluindo o próprio Jonas Savimbi.

"Deram-me várias ordens, que certos indivíduos deviam ser eliminados. Eu nunca eliminei. Em preferia falar com essas pessoas e compreender o que estava a acontecer porque às vezes eram só intrigas", apontou.

Segundo ainda Sachipengo

Nunda, muitas das informações que chegavam ao líder da UNITA, para a eliminação de certas pessoas , precisavam de ser melhor apuradas. Por esta razão, detalhou, é que não alinhava na ideia de eliminação de homens e mulheres porque achava não ser justo a meio de tantas incompreensões e intrigas.

"Havia muitos casos destes. Muita informação distorcida que depois levava à execução de alguém. Na maior parte dos casos eram intrigas. Não havia coisas muito concretas. Então era preciso ponderar", afirmou.

Para ele, na altura, era melhor ponderar a morte de várias pessoas para não cair no arrependimento que poderia persegui-lo até hoje.

 "A pessoa não é como árvore que, depois de cortá-la, a cabeça volta a crescer." Quando você corta a cabeça de alguém, ela fica mesmo eliminada, não volta a crescer", frisou.

"Fui o único que se opòs contra a queima das bruxas"

Por outro lado, Sachipengo Nunda fez saber, igualmente, que foi o único no partido UNITA que sempre se opôs contra o conhecido processo de queima das bruxas, que era um grupo de mulheres massacradas e queimadas a mando de Jonas Savimbi.

Segundo o militar de carreira, aquele foi um processo injusto em que muitas mulheres foram vítimas injustamente e não se compreendia como era possível ver muita gente, academicamente bem formada, a acreditar e a apoiar a tortura de senhoras inocentes que eram acusadas de feitiçarias.

"Fui o único que se opôs contra a queima das bruxas." Eu não acreditava que aquelas mulheres tinham algum poder sobre a guerra. Estava completamente contra e fui o único a levantar a mão", lembrou, acrescentando ainda que "o próprio Savimbi perguntava se eu não tinha medo, defendendo, sozinho, aquelas mulheres. Mas eu tinha de exprimir o meu ponto de vista.

José Eduardo era um lider que sabia ouvir

Noutra abordagem, Geraldo Sachipengo Nunda disse ter recebido, em 2010, com surpresa, a indicação e nomeação para che fe de Estado Maior das Forças Ar madas de Angola, na altura, em substituição de Francisco Furtado

Referiu, tendo em conta os largos anos de guerra que Angola havia vivido, a sua nomeação representava, efetivamente, uma indicação clara do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que estava comprometido com o processo de Reconciliação Nacional.

Afirmou ainda que no tempo em que trabalhou como chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Angola era sempre consultado e chamado pelo então Comandante em Chefe das Forças Armadas de Angola (FAA), Eduardo dos Santos.

Conforme referiu, uma das referências que guardou na época era o facto de o então Presidente saber ouvir a todas as preocupações que lhe eram apresentadas.

Precisamos construir a paz todos os dias

Geraldo Sachipengo Nunda, que já foi também embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República de Angola acreditado no Reino Unido, defendeu a necessidade de os angolanos conservarem e construírem a paz todos os dias.

No seu entender, a paz, alcançada em 2002, tem de ser preservada e guardada por todos os angolanos, tendo em atenção o sacrifício feito para o seu alcance.

"Precisamos construir e preservar a paz todos os dias para alcançarmos efetivamente a Re-conciliação Nacional." E isso se faz com o envolvimento de todos e não apenas por um grupo de pessoas", apelou. Jornal OPAIS

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