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Domingo, 06 Setembro 2020 13:11

Polícia e médicos em pé de guerra devido à morte de pediatra

A comunidade médica angolana está indignada com a morte de um pediatra, numa esquadra de polícia, no Rocha Pinto, em Luanda. Silvio Dala, de 35 anos, foi levado a uma unidade por andar alegadamente sem máscara. A polícia confirmou e apontou um enfarte na origem da morte.

O médico, que era director do Hospital Materno Infantil da Província do Cuanza Norte, morreu na segunda-feira, 1 de Setembro, depois de ter sido interpelado e encaminhado à esquadra para, alegadamente, pagar a multa que lhe foi aplicada, já que conduzia a sua viatura sem máscara, transgressão passivel de multa devido às restrições da covid-19.

O Sindicato Nacional de Médicos de Angola não acredita que o desfalecimento seja a causa da morte do profissional e supõe execesso de zelo na actuação dos agentes da polícia.

Adriano Manuel sublinha que não havia motivos dos agentes da polícia prenderem o médico e levá-lo para uma cela da esquadra porque o pediatra estava identificado, notando que a vítima vinha de uma “carga horária” de trabalho.

“O nosso colega é médico e identificou-se como médico. No seu carro tinha bata. O que é que faz colocar um médico na cela por causa de 5 mil cuanzas? Por que é que não apreenderam a viatura e ele ia buscá-la quando pagasse o dinheiro?”, interroga-se o líder do Sindicato de Médicos de Angola.

O porta-voz do ministério do Interior, Waldemar José, confirmou a morte do médico levado pela polícia a uma esquadra por presumivelmente circular sem máscara, uma medida passível de multa devido à actual crise sanitária.

Refere, ainda, que já no posto policial do Rocha Pinto, o pediatra apresentou sinais de fadiga e começou a desfalecer e que os ferimentos apresentados na região da cabeça foram provocados por uma queda aparatosa.

Percebendo a gravidade situação, diz o oficial, os agentes levaram-no para o Hospital do Prenda e no trajecto ele acabou por morrer, sublinhando que a autópsia confirma um enfarte na origem da morte do profissional de saúde.

No mês passado, a Amnistia Internacional e a associação angolana de direitos humanos Omunga relatavam, em uma pesquisa, que 16 pessoas morreram na sequência da violência policial durante o estado de emergência decretado devido à pandemia de covid-19. RFI

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