"Esse número não reflete a atual realidade, já que existem muitas denominações religiosas que estão fora do controlo do Instituto Nacional de Assuntos Religiosos [Inare] angolano e das administrações locais", afirmou hoje o diretor da instituição, Castro Maria.
Pelo menos 84 igrejas estão registadas e reconhecidas pelas autoridades angolanas.
O responsável falava hoje, em Luanda, durante um seminário sobre Direitos Humanos e Liberdade de Religião, promovido pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos de Angola, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Com uma abordagem centrada no tema do seminário, Castro Maria recordou que entre 1987 e 2020 o Estado angolano reconheceu um total de 84 igrejas, e 79 associações de caráter religioso "estão registadas com personalidade jurídica", incluindo duas associações islâmicas.
Entretanto, notou, no período em análise o Governo angolano revogou o reconhecimento de quatro igrejas: a Igreja Manã Cristã e as três alas da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, vulgo "Os Tocoístas".
"O ano de 2015 ficou marcado pelo reconhecimento de uma única igreja Tocoísta em Angola, porém o processo foi impugnado e está a ser analisado até agora pelo órgão judicial competente para os efeitos", explicou.
Numa incursão ao fenómeno religioso em Angola, o diretor do Inare recordou que em 2015 foram constituídas quatro plataformas ecuménicas, que congregavam 2.006 igrejas, no entanto, já revogadas "por não atingirem os fins pretendidos".
"Porque elas contribuíram para proliferação de igrejas", atirou.
Segundo o responsável, a denominação católica é a mais praticada no país, com 41% da população, entretanto o cristianismo corresponde a 79% das crenças religiosas no país, seguido pelas crenças animistas, islâmicas e judaicas.
Em Angola, onde o islamismo ainda não é reconhecido pelas autoridades, 12% dos cidadãos manifesta o ateísmo, ou seja, não pratica e nem acredita numa religião em particular.
Dignidade e cidadania, liberdade de religião e direitos humanos, e a religião muçulmana: dogmas e visão do mundo foram os temas abordados no encontro.