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Quinta, 16 Janeiro 2020 09:00

Isabel dos Santos acusa João Lourenço de a tentar neutralizar politicamente

A empresária angolana Isabel dos Santos acusou na quarta-feira o presidente de Angola, João Lourenço, de estar a instrumentalizar a justiça numa perseguição pessoal e política para a neutralizar politicamente.

"Se nós quisermos lutar contra a corrupção em Angola devemos olhar para onde ela está" e "não podemos usar a suposta luta contra a corrupção de forma seletiva para neutralizar o que achamos que possam ser futuros adversários políticos", disse Isabel dos Santos, em entrevista na quarta-feira à noite à RTP, reagindo ao arresto dos seus bens por parte das autoridades judiciais angolanas, decretado de modo preventivo.

Isabel dos Santos afirma-se alvo de uma "perseguição política e pessoal" por parte da justiça, por indicação da liderança atual do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

O objetivo da luta contra a corrupção, anunciada pelo Presidente João Lourenço, é visar "pessoas que possam entrar no futuro no campo político e possam representar alguma influência ou alguma popularidade dentro do próprio MPLA", considerou a empresária, que não recusou ambições políticas.

"Tenho um grande sentido de dever em relação a Angola. Eu farei tudo o que terei de fazer para defender e prestar os serviços à minha terra e ao meu país", declarou, admitindo que "é possível" candidatar-se a Presidente do país.

"[O] meu pai deixou um grande legado político em Angola. É um legado que eu e muitos angolanos gostaríamos de ver respeitado", justificou a empresária, na entrevista à RTP.

A empresária disse ainda que aguarda ser chamada pela justiça portuguesa e pelo Banco de Portugal para esclarecer as suspeitas de branqueamento de capitais que estarão na origem do dinheiro que levou à compra do BPN, hoje Eurobic.

"Quero acreditar que a justiça portuguesa é uma justiça real e que funciona e que há um Estado de direito em Portugal", disse a empresária.

Isabel dos Santos acrescentou que está a ser perseguida por ter estado à frente da petrolífera angolana Sonangol e ter tentado alterar os procedimentos internos na empresa, que "eram muito opacos", nomeadamente na questão da venda de petróleo ao estrangeiro, a partir do escritório de 'trading' em Londres.

"Não há vontade de luta contra a corrupção", referiu, comentando o facto de ter sido nomeado como seu sucessor Carlos Saturnino, o mesmo gestor que, segundo Isabel dos Santos, foi o último responsável de um processo que deixou a Sonangol na falência, com dívidas de 20 mil milhões de dólares (18 mil milhões de euros).

"A Sonangol era um estado dentro de um estado" e "todos os conselhos de administração anteriores aos meus eram nomeados pelo anterior", criando um "sistema opaco" de controlo das contas, resumiu.

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