Enquanto proclamam paz no exterior, enriquecem bancos internacionais com dinheiros de África. São contratos com valores que nos coloca em duvidas, exportação descontrolada de recursos e fuga de capitais que alimentam economias estrangeiras, enquanto o povo africano fica com estradas degradadas, hospitais sem medicamentos e educação sem qualidade. O paradoxo é cruel, os filhos de África financiam o conforto de outros continentes e herdam a miséria dentro das suas fronteiras.
Cinquenta anos após as independências, muitos países ainda não conseguiram formar quadros capazes de substituir técnicos estrangeiros. As grandes infraestruturas continuam a ser erguidas por engenheiros importados, os hospitais desenhados por consultores estrangeiros e até a agricultura, riqueza vital do continente, muitas vezes planeada fora. A dependência transformou- se na forma mais impecável de escravatura moderna, cuidadosamente mantida por lideranças que lucram com ela.
África não é pobre. É rica em recursos, cultura e talento, mas é vítima de políticos que se comportam como verdadeiros terroristas do próprio povo, preferindo a perpetuação da dependência em vez da emancipação coletiva. No fundo, o continente vive um paradoxo doloroso, grita por paz nos palcos internacionais, mas mantém o seu povo refém da miséria, da ignorância e da exclusão.
A libertação de África não virá de discursos grandiosos em Nova Iorque, mas da coragem de romper com o ciclo do político terrorista, que governa para si e para os estrangeiros. O futuro do continente dependerá da escolha entre continuar a exportar riquezas e importar quadros, ou investir em si mesmo, formando gerações capazes de libertar África da escravidão política e intelectual que a mantém refém há décadas.
Por Rafael Morais