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Quarta, 16 Julho 2025 18:43

A Força dos Oprimidos

Os pobres e oprimidos acabam de dar o seu recado aos poderosos de hoje. O MPLA terá entendido a mensagem que lhe foi enviada no sábado passado?

A mensagem foi clara: o partido-Estado não é mais senhor e dono da alma dos angolanos.

A maioria, em Angola, não deseja a continuidade do MPLA e de João Lourenço no poder. A esperança tomou conta da alma dos oprimidos e dos esfomeados, que circundam em torno dos contentores em busca de alimento para o corpo e a alma.

A maior dádiva foi a percepção de se entender que o povo acredita, agora, que só não tem poder quem acredita que não tem.

A força de luta adquirida no sábado pelo povo mostrou que a coexistência do tecido da nossa angolanidade passa pela luta popular do povo sofrido — luta essa que se processa fora do limite fronteiriço de onde se instala a mediocridade da luta político-partidária, concentrada no interior do arco da governação.

No entanto, faz-se necessário não deixar que nenhum dos nichos envolvidos no processo de luta se apropriem do esforço dos demais grupos de luta bem-intencionados.

Percebeu-se, claramente, que no teatro operacional da luta existiam várias agendas. Embora fosse legítima a presença da diversidade dos setores envolvidos nas manifestações, a verdade é que os slogans de determinados grupos danificaram, sobremaneira, o interesse coletivo na luta contra o regime — totalmente apodrecido internamente e, sobretudo, que tarda em se reciclar.

E por falar em agendas...

Ainda acerca da manifestação — e para que a verdade não seja escamoteada, muito menos subvertida — e, sobretudo, para que fique registado com letras garrafais nos anais da história recente angolana:

Dos partidos que anunciaram e propagandearam a sua presença nas recentes manifestações, apenas o PL deu as caras. Já o PRA-JA, a serviço do (MIMOSO), deu as de Vilas Boas — quer dizer, deu o dito pelo não dito.

Isso significa dizer que, aparentemente, não recebeu permissão atempada das chefias do (M) e/ou das secretas.

Se por acaso o cenário da desdita comparência do PRA-JA for ainda mais rocambolesco... casa ser vivente. Tire as suas próprias ilações.

Até aqui, tudo foi entendido. Mas todos percebemos que o regime tem sua mão podre bem dentro da alma das manifestações.

O regime pensa que tem tudo sob controlo, mas, na verdade, não tem.

Outros métodos de luta terão que ser experimentados no processo.

Existem outros modelos de luta eficazes que, à priori, podem não possuir grande visibilidade, mas podem causar estragos portentosos ao regime opressor. Esse esforço ajudaria a evitar que grupos organizados — ou pessoas individuais — busquem desesperadamente algum protagonismo em obediência a agendas que podem alterar negativamente a ordem do establishment político, jurídico e constitucional.

A vontade de se tentar, a todo custo, evitar a dor e o sofrimento dos manifestantes deve ser levada em conta com elevada prioridade.

Assim sendo, a ideia de se manifestar ficando em casa seria, talvez, a melhor forma de luta.

Pois o regime já conhece a força do povo.

O resto deve ficar para 2027.

Enquanto isso, que se comece a negociar com os sindicatos, associações e parceiros sociais, a fim de se buscar consensos e pragmatismos alternativos de luta.

Estamos juntos.

Raúl Diniz

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