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Quarta, 16 Julho 2025 18:43

Reprimidos e reprimidores - Todos no mesmo Cupapata

Num país onde a Constituição é lida mas não aplicada, onde os direitos são proclamados mas não respeitados, manifestar-se pacificamente em Angola é como brincar de roleta russa com as forças policiais.

O mais trágico e ao mesmo tempo irónico é que os mesmos soldados que carregam bastões e armas contra o povo, vivem os mesmos dramas que os manifestantes denunciam.

A última manifestação pacífica, no sábado, 12 de julho, tinha um alvo bem claro, o aumento dos combustíveis, das tarifas de táxi e, por tabela, o da sempre crescente cesta básica que, para muitos, já virou item de luxo. O cidadão comum protesta porque não aguenta mais. E quem vai sufocar esse grito legítimo? O polícia que também mora na periferia, que apanha o famigerado cupapata para ir ao trabalho. Sim, aquele tricíclo improvisado e perigoso que virou transporte público por falta de transporte público. Aquele mesmo que no ordenamento juridico Angolano é proibido o transporte de passageiros. Um verdadeiro paradoxo ambulante. Kk é bandalho como diz o jornalista humorista da rádio MFM

É ou não é de rir para não chorar? Os soldados, que também passam fome, que também sentem o peso do custo de vida, estão ali para garantir que o povo cale a boca. E tudo isso porque alguém sentado numa cadeira estofada, com ar-condicionado e família bem instalada no exterior mandou. Essa “ordem superior” tem passaporte diplomático, casas no estrangeiro e até cães que comem melhor que muitos angolanos. E o povo? Bom, o povo que lute – ou melhor, que se cale.

O mais assustador é o silêncio das instituições que deviam agir. A Procuradoria-Geral da República, Calada. O Tribunal Constitucional, Mudo. A Assembleia Nacional, Silêncio absoluto, como se todos estivessem de férias permanentes em Marte. Com esse nível de apatia institucional, o povo começa a duvidar da existência real dessas entidades. Será que são apenas hologramas do poder?

Está na hora de todos se reverem. Não é só uma questão de solidariedade, é uma questão de sobrevivência coletiva. Porque, no fim, quando o cupapata capota, leva todos juntos, manifestantes, polícias, esperança do pais e da familia. Rafael Morais

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