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Segunda, 27 Janeiro 2014 12:17

Dona do navio-tanque Kerala vai recolher provas forenses para provar sequestro

A empresa dona do navio-tanque Kerala disse esta segunda-feira que autoridades internacionais e agências de informação experientes em incidentes de pirataria vão subir a bordo do navio para "recolher informações e provas forenses" do sequestro ao largo de Angola.

No comunicado colocado hoje no site da Dynacom Management, refere-se também que "há um ferido" entre os tripulantes, mas não se diz qual a gravidade.

O objectivo assumido da recolha de provas forenses da presença de piratas do mar a bordo do navio é "levar perante a justiça os que perpetraram este crime" contra o navio e a tripulação, mas se ficar confirmada a presença de piratas do mar no navio, cai por terra a tese das autoridades de Angola, que afirmam que houve apenas uma comunicação entre o Kerala e um navio-rebocador, não tendo ocorrido qualquer crime em águas nacionais angolanas.

O comunicado divulgado ao final da manhã explica também que o contacto com o Kerala foi perdido no dia 18, no sábado, e que foram contactados "profissionais experientes para lidar com este tipo de incidentes".

"Rapidamente tornou-se aparente que estávamos a lidar com um incidente de pirataria e que o navio tinha sido sequestrado", acrescenta o documento, publicado no site da Dynacom, que explica também que "de acordo com as boas práticas", a empresa não forneceu "qualquer detalhe público enquanto a situação decorria", mas que trabalhou "de perto com as autoridades relevantes para resolver o incidente".

Os gregos proprietários do Kerala aproveitam para agradecer às agências de informações europeias, norte-americanas e outras que apoiaram a empresa neste caso, bem como "aos navios internacionais e regionais que forneceram bens para monitorar os piratas e deram apoio e assistência", sem especificar quais.

O corte nas comunicações do Kerala, que segundo as autoridades angolanas aconteceu a 19 deste mês enquanto estava ao largo das águas nacionais de Angola, está envolto em polémica, havendo duas explicações: uma da empresa, e outra das autoridades angolanas.

A tese dos proprietários do navio aponta para um sequestro marítimo que resultou num ferido e num roubo de "uma grande quantidade de carga", nomeadamente petróleo, disse hoje fonte da empresa à Lusa.

A outra tese, defendida pelas autoridades angolanas, aponta para um embuste. Segundo o porta-voz da Marinha angolana, capitão Augusto Alfredo, o Kerala, embarcação de 60 toneladas que aguardava autorização para atracagem no porto de Luanda, para cumprir um frete da petrolífera angolana Sonangol, simulou o sequestro em conluio com um rebocador já referenciado noutras ações de sequestro ao largo do Gabão, em 2013.

"O petroleiro Kerala, cujo contrato de prestação de serviço à Sonangol termina no próximo dia 12 Fevereiro, na noite do dia 18 desligou o sistema de comunicação e navegou em direcção à Nigéria", disse o capitão Augusto Alfredo à Lusa.

Segundo explicou o oficial angolano, "tudo aconteceu quando o rebocador Gare, que é réplica de um outro com o mesmo nome e que havia participado em acções de pirataria no Gabão no ano passado e que está desactivado na Nigéria, se aproximou do Kerala, entrou em comunicação com este e de seguida o petroleiro levantou âncora e rumaram os dois para a Nigéria".

"Portanto tudo não passou de uma simulação de sequestro da parte da tripulação e do seu agente", frisou o capitão Augusto Alfredo, reafirmando que "não há qualquer acção de pirataria nas águas nacionais" angolanas.

Entretanto, a União Africana anunciou na sexta-feira que se reúne esta semana para discutir acções imediatas a tomar contra a pirataria marítima.

Lusa

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