Na província do Bié no ano passado, quarenta e cinco pessoas morreram na comuna da Muinha, no município de Camacupa, depois de serem obrigadas a ingerir um líquido feito a base de ervas, denominado “Mbulungo”, para provar se tinham cometido ou não determinado crime, "geralmente por feitiçaria".
O Mbulungo é um veneno produzido por um suposto adivinho (quimbandeiro). O líquido é tóxico e é dado a uma pessoa que está a ser acusada da morte de alguém na aldeia.
O suspeito é obrigado a beber o veneno e se o efeito provocar a sua morte, "então fica provada a acusação".
Segundo a administradora, tudo acontece quando existe desavenças entre as famílias, sobretudo quando morre uma pessoa na aldeia sob suspeição de feitiçaria.
“No sentido de comprovar a culpabilidade do crime, as pessoas vão até ao suposto quimbandeiro e muitos nem sempre voltam com vida, pois o veneno mata em poucas horas”, lamentou.
Na Guiné-Bissau, em fevereiro, oito idosos foram mortos alegadamente por serem feiticeiros na localidade de Culadje.
As vítimas terão sido obrigadas a ingerir um veneno feito à base de plantas silvestres para comprovar se eram feiticeiras, como dizia a população que lhes atribuia "as constantes mortes de grávidas, crianças e jovens" e ainda "os insucessos escolar e político dos naturais desta povoação".
Moçambique, como a Voz da América, tem noticiado, tem registado muitos casos, nomeadamente relacionados com desinformação sobre combate à cólera, contra albinistas e até carecas.
Como é que a crença, em muitos casos, e a cultura noutros continuam a levar pessoas à morte?
Para tentar entender este fenómeno no momento em que as autoridades desses países procuram responsabilizar os autores desses assassinatos, o programa Agenda Africana da Voz da América falou com o jurista e investigador guineense Fode Mané e o padre e antropólogo angolano Pedro Gabriel Chombela.
Ambos apontaram a necessidade de uma presença maior do Estado e uma maior aposta na educação, ao mesmo tempo que as autoridades judiciais são chamadas a impor a lei. C/VOA