Em declarações à agência Lusa, no final de uma reunião da Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia da República portuguesa, em Lisboa, Isaías Samakuva criticou também a postura de Luanda que acusou Portugal ingerência nos assuntos internos angolanos.
Por outro lado, defendeu que as violações dos Direitos Humanos não são só de hoje, mas desde sempre, pelo que a detenção, julgamento e condenação dos 17 ativistas angolanos não é causada pela atual crise que assola o país.
"A UNITA tem denunciado constantemente a violação de direitos humanos pelo Governo angolano. Além do caso dos ativistas, que é bastante badalado, há várias outras violações de que não se fala mas que acontecem praticamente desde sempre em Angola", afirmou Samakuva.
Segundo o líder do maior partido da oposição angolana, a UNITA "tem adequado a sua voz" para pedir a atenção da comunidade internacional para as violações "que persistem".
"A crise que se vive em Angola é de tudo - do Estado de Direito, do sistema democrático, económico, de tudo. A prisão dos ativistas não tem nada a ver com esta crise económica. A situação é de crise económica, financeira e social, com dimensões políticas, porque o descontentamento resultante das exiguidades que existem transformam-se em reivindicações que acabam por ser políticas", sustentou Samakuva.
Questionado pela Lusa sobre as críticas frequentes feitas em editoriais do estatal Jornal de Angola à alegada ingerência de Portugal nos assuntos internos angolanos, Samakuva lembrou que o país é parte integrante da comunidade internacional.
"Angola faz parte da comunidade internacional e, no caso de Portugal, partilha a presença com os países de Língua Portuguesa. Os compromissos que Angola assume no quadro das organizações e da própria comunidade internacional exigem da parte da própria comunidade internacional também o pedido de algumas explicações para se saber o que se passa", afirmou.
"Achamos que é o que acontece. As acusações de interferência vemo-las apenas como o direito da comunidade internacional exigir do seu parceiro o cumprimento dos compromissos internacionais que assumem", frisou o líder da UNITA.
Samakuva, que participou numa conferência internacional em Portugal, aproveitou a estada em Lisboa para manter vários contactos a nível político, tendo apresentado hoje as preocupações do seu partido perante a Comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento português.
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