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Terça, 29 Março 2016 19:02

Sarmento questiona julgamentos morais sobre Angola. “E o dinheiro chinês de onde vem?”

Em entrevista à Renascença, o social-democrata fala em “tonto complexo colonial ao contrário”, recusando a “autoridade moral” de Portugal no caso da condenação de 17 ativistas em Angola. E diz que na China também não são respeitados os direitos humanos

Nuno Morais Sarmento considera que foi “desproporcionada” a condenação moral em Portugal da sentença de prisão efetiva atribuída a 17 ativistas angolanos. “Não percebo este nosso ‘encucanço’, esta nossa pretensa autoridade moral para opinarmos sobre esse país quando nos calamos, se for preciso cobardemente, quando o dinheiro é de um país como a China, porque aí nos interessa e não temos tamanho para questionar”, disse o social-democrata em declarações ao programa “Falar Claro da Rádio Renascença.

Morais Sarmento realçou que as violações de direitos humanos registam-se tanto em Angola como na China, com quem Portugal também mantém negócios. “Os chineses compram um banco em Portugal, já alguém se preocupou em perguntar de onde vem o dinheiro chinês? E qual é que é o respeito que essa autoridade, neste caso a autoridade do Estado chinês, tem pelos direitos humanos como nós os conhecemos? Nós aí calamo-nos.”

Para o social-democrata, os portuguesses têm um “tonto complexo colonial ao contrário” que os faz sentir terem “autoridade moral” sobre certos países. “Isso é que eu já não percebo”, sublinha.

Referindo que a noção de Estado de Direito em África não corresponde à visão europeia, Morais Sarmento sustentou que Portugal não pode “exportar modelos civilizacionais” e “modelos culturais e modelos políticos” como se fossem “verdades absolutas”.

“Nós achamos que podemos exportar modelos civilizacionais e modelos culturais e políticos” como se fossem “verdades absolutas”. “Digo e reafirmo a minha oposição de princípio a condenar quaisquer condenações por delito de opinião. Mas reafirmo também aquilo que me pareceu ser uma desproporcionada visibilidade e emoção que este caso causou face a outras situações que, desde logo em Angola, fomos conhecendo ao longo dos tempos”, concluiu.

Esta segunda-feira, o tribunal de Luanda condenou dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efetiva os 17 ativistas angolanos - que incluem Luaty Beirão - acusados de prepararem um golpe de Estado.

© Expresso

 

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