O tema, proposto pela bancada parlamentar da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), começou a ser discutido, até ao momento que os deputados da oposição tomaram conhecimento que os jornalistas estavam a ver dificultado o seu trabalho, com a falta de som, a proibição de gravar e por último o pedido de retirada da sala.
A situação foi colocada à mesa pelo líder da bancada parlamentar da CASA-CE, André Mendes de Carvalho "Miau", no sentido de se reconsiderar a medida e prosseguir-se com o debate, o que não foi atendido e levou os deputados, incluindo os do partido maioritário, MPLA, a abdicarem do debate.
Em declarações à imprensa, o líder da bancada parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Virgílio de Fontes Pereira, disse que o seu partido foi surpreendido com a "atitude radical da oposição", pelo que "não faria sentido que o MPLA continuasse na sala a falar sozinho".
"Não fomos nós que propusemos o tema, não sabemos bem quais são os argumentos de razão que a oposição teria que apresentar, a indicação que dei a todos os deputados do MPLA é que não devíamos falar sozinhos", disse Virgílio de Fontes Pereira, considerando a atitude da oposição "um aproveitamento político".
Por sua vez, o segundo presidente da bancada parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, considerou não existirem razões nem objetivas ou subjetivas para se limitar a presença de jornalistas no seu exercício.
"Não encontramos razão plausível, nenhuma, para esta atitude musculada, desnecessária, num momento absolutamente contraproducente para este tipo de conflitualidade. O debate mensal só faz sentido se a sociedade tiver acesso aos conteúdos que se passam na Assembleia Nacional", sublinhou.
Já André Mendes de Carvalho considerou "arrogante e de desrespeito ao povo", tendo em conta que os jornalistas são "apenas os intermediários entre a Assembleia Nacional e o povo".
"O povo tem o direito de conhecer, o problema do salário mínimo é um tema abrangente que criou uma certa expectativa e as pessoas têm o direito de conhecer o que é que se iria passar aqui neste debate", frisou.
Por seu turno, o líder da bancada parlamentar do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, disse que por entender o debate como uma discussão pública, continuar a debater apenas entre deputados, seria "um exercício inútil".
"A única forma de se chegar à população é através da imprensa e quando não permitimos que a imprensa transmita (aquilo que discutimos) estamos a fazer exercícios inúteis", criticou.