Em exclusivo à DW África, o reverendo Ntony-A-Nzinga, antigo secretário-geral do Comité Intraeclesial para Paz em Angola (COIEPA), diz que não vê com preocupação a ausência do Presidente da República, João Lourenço, no Congresso Nacional da Reconciliação.
O evento que visa promover a paz e a inclusão acontece de 6 a 7 de novembro, em Luanda. Nzinga afirma: "Para mim, não deve ser grande preocupação porque não foi o Presidente da República que convocou a conferência. Mesmo que estivesse presente, o congresso não faria conclusões sobre Angola como Nação e Estado".
O ex-secretário-geral do Conselho das Igrejas Cristãs de Angola (CICA) louva a iniciativa da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), a propósito dos 50 anos de independência do país, mas levanta uma inquietação. "Apenas estou a dizer que o congresso para ser da reconciliação deve ser um congresso de toda a angolanidade, de todos os angolanos e de todas as angolanas", entende.
E Nzinga sublinha que "é muito mais do que uma instituição a organizar. Nem o MPLA pode convocar um congresso para a reconciliação de Angola sem que toda a angolanidade participe".
Que resultados são esperados?
Ainda assim, Ntony-A-Nzinga espera que do Congresso saia um acordo que abra caminho para o verdadeiro processo de reconciliação nacional.
"O problema de Angola é que não temos um acordo, uma visão comum da Angola que queremos ser. Angola foi criada nem por nós nem para nós e mesmo quando nos declaramos independentes fomos incapazes de nos acordarmos que Angola devemos ser", diz.
No ano em que o país celebra os 50 anos de independência, o reverendo propõe a revisão do Tratado de Berlim, de 1885: "Tem que ser acordo dos povos que foram integrados pelas forças das armas. E não da decisão feita em Berlim onde não está lá nenhum de nós. É esse o problema que até aqui não conseguimos resolver".
E esse problema pode ser resolvido neste congresso?
"A ideia deste congresso veio por causa da celebração dos 50 anos e, ainda como cristão, ao termos esse momento na vida cristã, os 50 anos é o momento de repensar, fazer uma avaliação de como andamos e com avaliação nos acordarmos como vamos andar doravante", conclui.

