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Quinta, 28 Agosto 2025 10:37

MPLA prepara Júlia Ferreira para liderar a Comissão Nacional Eleitoral

A nomeação de Júlia de Fátima Leite da Silva Ferreira como juíza conselheira do Tribunal Supremo abre caminho para a sua ascensão à presidência da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), numa escolha impulsionada pelo MPLA, que procura reforçar o controlo sobre o órgão responsável pela organização das eleições gerais de 2027.

A recondução de Manico é contestada judicialmente pela UNITA por alegada falta de idoneidade. A saída de “Manico” na CNE surge na sequência de uma proposta do presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, que propôs incluí-lo nesta corte e do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), no quadro do alargamento do número de juízes para oito novas vagas. Neste concurso foi também aprovado como Juiz Conselheiro Sergio Salomao Kulanda, identificado como familiar de Joel Leonardo.

O afastamento de “Manico” abre espaço para a entrada de Júlia Ferreira, figura com longa ligação ao MPLA. Enquanto porta-voz da CNE, foi acusada pela oposição de anunciar resultados eleitorais que favoreceram a vitória do partido no poder.

A sua proposta como sucessora surge directamente apoiada pelo Presidente da República, João Lourenço, num momento em que o MPLA enfrenta forte desgaste político e social, e crescente impopularidade com vista às eleições de 2027.

Jurista de formação, Júlia Ferreira foi juíza conselheira do Tribunal Constitucional entre 2017 e 2024. Para assegurar os requisitos formais necessários à candidatura, foi integrada esta semana no Tribunal Supremo como juíza conselheira, na qualidade de jurista de mérito, ao lado de Hermenegildo Osaias Fernando Cachimbombo, antigo dirigente da Ordem dos Advogados de Angola.

Assim que tomar posse no Supremo, Júlia estará apta a concorrer à presidência da CNE. Fontes judiciais alertam, porém, que o processo em curso, conduzido pelo CSMJ, poderá configurar apenas uma formalidade para legitimar a escolha política já feita pelo MPLA.

Com esta estratégia, o partido no poder procura assegurar o controlo sobre a CNE num ciclo em que, pela primeira vez em décadas, risca perder a maioria absoluta, fruto do descontentamento popular e da erosão da liderança de João Lourenço. Imparcial Press

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