Segundo o jornalista e analista político, em Outubro do ano passado, e dirigindo-se à diáspora, em Portugal, Marcy Lopes disse que só mentindo os angolanos atrairiam investimento estrangeiro ao país.
"Não podemos mostrar o lado mau ou mostrar ao mundo que o nosso país tem problemas ou há desemprego. Temos que mostrar apenas o lado bom porque precisamos de investidores", pregou num pronunciamento em que, segundo Campos, o ministro da Administração do Território de Angola mostrou ignorar que o mundo é hoje uma aldeia global da qual já não é possível esconder as realidades nacionais.
Graça Campos lembra ainda que, no regresso a Luanda, Marcy Lopes tomou o silêncio da sua família política como aprovação à cultura da mentira, da máscara e da maquilhagem.
"No congresso do MPLA, realizado em Dezembro de 2021, foi mantido no Bureau Político, o que pode traduzir uma premiação da sua pouco recomendável conduta. Para que conste, nesse congresso o MPLA defenestrou do seu Bureau Político militantes conhecidos pelo seu compromisso com a ética e com a decência", denunciou.
Antes da convocação das eleições, ressalta, Marcy Lopes garantiu publicamente que do Ficheiro Informático Central do Registo Eleitoral (FICRE) que enviaria à Comissão Nacional Eleitoral não constariam mortos.
No dia 28 de Abril, o ministro da Administração do Território entregou o FICRE aos membros do Plenário da CNE, numa cerimónia, onde Marcy Lopes revelou que no FICRE constavam aproximadamente 14 milhões de eleitores, mas alertou os responsáveis da CNE para o carácter provisório do registo.
Confesso inimigo da verdade, considera o analista, o ministro da Administração do Território omitiu à CNE a informação, muito importante, de que desse universo de aproximados 14 milhões de eleitores constavam inúmeros mortos. "A omissão dessa informação não foi involuntária. Jovem, o ministro da Administração do Território está a crescer num ambiente em que vê e acredita que a mentira vale a pena".
No seu entender, quando prometeu apresentar à CNE um FICRE expurgado de mortos, Marcy Lopes já estava a mentir conscientemente.
Estranhamente, repara, quer a Comissão Nacional Eleitoral, quanto o Tribunal Constitucional não reclamam por haverem sido deliberadamente enganados.
Ministro "kibioneiro"
"Em linguagem terra-a-terra dir-se-ia que parece que gostaram da quibiona. Um partido na oposição disse ser um não assunto a existência de mortos na lista de eleitores", estranhou.
Por certo, disse finalmente, esse partido não tem qualquer pretensão de disputar o poder ao MPLA. "É uma daquelas <coisas> que se contenta com qualquer sobejo".