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Sexta, 29 Agosto 2014 14:29

Reconciliação: UNITA quer diálogo do topo à base

O secretário geral da UNITA defendeu ontem, em Luanda, que a reconciliação nacional deve transitar da cúpula para a base, de forma a que os angolanos possam esbater a divisão que que resultou do conflito armado.

Quanto à necessidade do diálogo interno que foi exigido nos últimos dias por altas figuras deste partido, com destaque para o deputado Paulo Lukamba Gato, o secretário geral Victorino Nhany garantiu que o mesmo existe a todos os níveis da organização política.

Ele argumentou que a próxima realização do XII congresso “significa que há abertura interna, a não ser que haja um outro tipo de diálogo ”.

Falando em exclusivo a OPAÍS, Victorino Nhany subscreveu o último posicionamento tomado pelo seu partido sobre a necessidade de um “diálogo sincero e permanente” como via para a paz e estabilidade do país.

O dirigente da UNITA referiu que diálogo deve ser “abrangente e transversal” não podendo ser reduzido à conversas formais ao nível das lideranças.

“Os angolanos devem dialogar de forma positiva e inteligente, não apenas no topo, mas ao nível intermédio e de base”, defendeu Nhany que sugere também a integração neste processo de Organizações não Governamentais, Igrejas e a sociedade civil no seu todo.

O secretário geral da UNITA manifestou-se igualmente à favor do reconhecimento mútuo dos erros cometidos pelo governo do MPLA e pelo seu partido, enquanto organização da oposição armada, para esbater as diferenças que resultaram também do que descreveu de “questões ideológicas alimentadas pelas potências mundiais”.

Sobre a pacificação em Cabinda, a UNITA, segundo o seu secretário geral, defende um diálogo inclusivo suportando a tese de que o Memorando de Entendimento assinado entre o Governo e a FLEC “se baseou numa política de suborno de um pequeno grupo manipulado e não representativo dos Cabindas”.

Victorino Nhany considera que o problema de Cabinda é essencialmente político e sublinha que os acordos assinados colocaram “à margem muitos filhos da região e não permitiu poupar vidas humanas vítimas do conflito armado”,

A UNITA insiste em como o seu património, espoliado ou destruído em rezão do conflito deve ser devolvido ao abrigo dos Acordos de Paz assinados em 2002.

O secretário do “Galo Negro” acusou o Governo de estar a silenciar o assunto desde que deu por terminada missão da chamada “Comissão Bilateral”.

Victorino Nhany revelou que o assunto deixou de ser falado desde o último encontro entre o líder da UNITA e o Presidente da República. “Não há sinal nenhum”, referiu a fonte, sugerindo que “a UNITA cumpriu a sua parte, faltando que o Governo faça a sua parte”.

O dirigente da UNITA diz que as autarquias locais continuam na agenda do seu partido e prometeu insistir junto do MPLA no sentido de que as mesmas se realizem conforme estabelece a Constituição.

“As eleições autárquicas são uma questão fundamental para a actual situação sócio-económica do país, sem as quais o país não encontra outra saída com as actuais políticas do MPLA”, afirmou o político do principal partido da Oposição angolana.

A reunião da Comissão Política da UNITA que teve lugar na última semana em Luanda exigiu do Governo tratamento célere “da desmobilização e a reinserção social digna de todos os ex-militares” que este partido considera como sendo uma das questões pendentes do processo de reconciliação nacional”.

A UNITA chamou a atenção do Executivo para a necessidade de se tomarem medidas infalíveis de prevenção contra a epidemia do ébola tendo em conta a “vulnerabilidade de algumas áreas das nossas fronteiras” ao mesmo tempo que apelou à população a acatar as recomendações das entidades sanitárias.

A UNITA questionou a iniciativa legislativa do Presidente da República sobre a alteração da Lei da Nacionalidade, que vai à discussão na especialidade na Assembleia Nacional, considerando que a mesma “enferma de vício de inconstitucionalidade”.

O secretário deste partido subscreve a constatação da direcção do seu partido segundo a qual há uma “contínua regressão do processo democrático em Angola, consubstanciada na violação sistemática dos direitos humanos, na negação dos direitos cívicos e políticos constitucionalmente consagrados”.

Victorino Nhany disse que, com esta atitude, o MPLA tem estado a beliscar “os pilares da democracia”. Sobre o chamado “caso Banco Espírito Santo de Angola”, o dirigente da UNITA disse ser o resultado do que chamou de “falta de transparência e prestação de contas”.

MPLA diz-se aberto

O primeiro secretário provincial do MPLA no Huambo, Kundi Paihama, foi citado ontem pela Angop como tendo manifestado a disponibilidade do seu partido para acolher todos aqueles que se reverem nas suas ideologias, concorrentes para o bem-estar dos angolanos.

Falando no acto político inserido no programa das actividades alusivas ao 28 de Agosto, data do aniversário do Presidente da República, realizado na comuna da Chinhama, município do Cachiungo, o dirigente do MPLA disse ser desafio do MPLA continuar a promover a manutenção e conservação da paz, a unidade e a reconciliação nacional, com vista a boa convivência social entre os angolanos, baseando-se na verdade e na criação de políticas que concorram para a melhoria de condições de vida da população.

Kundi Paihama apelou, com efeito, as demais organizações politicas a primarem igualmente pela verdade na diversidade de ideias políticas, para a garantia do bem-estar dos angolanos.

O PAIS

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