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Segunda, 11 Agosto 2014 05:20

Os Africanos não devem embandeirar com as promessas feitas pelo Obama - João Pinto

Visões díspares avaliam a Cimeira EUA-África Visões díspares avaliam a Cimeira EUA-África

O deputado João Pinto tem uma opinião contra a corrente sobre os ganhos da Cimeira de Washington para África, o porta-voz da CASA-CE e o académico Bonavena saúdam a iniciativa de Obama.

O vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, João Pinto disse que os africanos não devem embandeirar em arco com as promessas feitas pelo presidente Barack Obama durante a Cimeira EUA-África terminada esta Quarta-feira em Washington.

Em declarações a OPAÍS, o parlamentar angolano considera “paradoxal” a agenda do actual inquilino da Casa Branca e que os seus dois discursos devem ser ignorados.

João Pinto considera que os pronunciamentos do presidente Barack Obama “têm mais interesse mediático do que filosófico”. Ele entende que as promessas feitas pelo estadista americano aos jovens africanos também não serão realizadas, por não estarem enraizadas na cultura dos povos do continente. Para ele, o desenvolvimento de África será possível se baseada “na maturidade filosófica africana e seguida por mais velhos”.

“Ele não sabe mais de diplomacia que o Presidente José Eduardo dos Santos. A nova geração deve entender bem a História africana”, defendeu. O deputado do partido com maioria parlamentar, subscreve a tese de que “não se devem criar modelos económicos com base na cultura americana”, supostamente sustentada por senadores de reconhecida experiência.

O fonte diz ser “um equívoco” esperar que Barack Obama faça por África mais do que fez conquanto a política externa americana está dominada pela ala conservadora republicana no congresso “que sempre imperou e ignorou a África”.

“Ele sofre de complexo e defendemais interesses americanos do queafricanos”, disse o deputado do MPLAque acusa o Barack Obama de, duranteo seu mandato, ter visitado menos aÁfrica do que o ex-presidente Bill Clinton.

Lindo Tito: “Cimeira reforça relações EUA-África”

Contrariamente ao que defende o parlamentar do MPLA, o porta-voz e vice-presidente da CASA-CE, Lindo Bernardo Tito, saudou a iniciativa do presidente americano.

“Foi com satisfação que acompanhamos  a Cimeira”, afirmou o político  com o argumento de que o encontro de Washington “permitiu o reforço das relações entre a África e os Estados Unidos”.

Ele disse que outro ganho desta Cimeira foi o facto de as decisões dela saídas puderem vir a resultar “em múltiplos apoios” e um melhor acompanhamento da situação actual no continente em termos de desenvolvimento e implantação da democracia.

“Ficou mais uma vez claro que a agenda do presidente Obama não se circunscreveu às velhas lideranças, mas às novas gerações africanas dentro do espirito da civilização humana” Bernardo Tito defendeu que o facto de Obama estar a promover encontros com jovens empreendedores “é positivo para a África que precisa de uma nova mentalidade”.

O político disse que o compromisso de Barack Obama não deve ser visto como um assunto pessoal enquanto cidadão, mas como presidente dos Estados Unidos podendo encontrar eco noutras lideranças americanas.

“A agenda de Obama, que se pretende humanista e diferente das anteriores, estará nos seus compromissos de quem quer que esteja na liderança americana”, vaticinou o dirigente da CASA-CE.

Bernardo Tito lamentou a ausência do Presidente da República, afirmando que seria “uma belíssima ocasião para reafirmar a sua liderança e vontade de defender uma África nova”.

“A política externa de Angola deve mudar em relação à América”, concluiu.

Bonavena: ‘uma importante iniciativa’

O académico, Nelson Pestana, “Bonavena” considera que a Cimeira foi uma “importante iniciativa” por ter permitido reunir a maioria dos chefes de Estado africanos. O também membro do Centro de Estudos Académicos da Universidade Católica de Angola, sublinhou que o encontro foi mais importante por ter logrado distinguir a juventude como o viveiro de novas lideranças africanas.

“É possível uma outra África arredada dos discursos da desgraça”, defendeu “Bonavena” que destacou o facto do presidente Obama ter chamado para diálogo jovens empreendedores africanos pelo seu papel no desenvolvimentos dos seus respectivos países.

A fonte considera igualmente positivo a refirmação de princípios e a demonstração da vontade do presidente americano em defender sistemas africanos modernos e abertos para o desenvolvimento. Saudou o anúncio do grande plano de desenvolvimento a ser suportado por 30 mil milhões de dólares que, em sua opinião, difere do apoio prestado à África pela China assente em “métodos e iniciativa ideológica e sem questionar as lideranças”. Ele disse que o apoio prometido “mobiliza os empresários africanos a serem mais ágeis para tirar vantagens das facilidades” que as potências económicas colocam à sua disposição.

O académico afirmou que a ausência do Presidente José Eduardo dos Santos “foi uma má atitude, altamente notada”, com o argumento de que, com a sua presença em Washington, o Chefe de Estado devia apresentar-se como líder regional. Para o analista, o Presidente angolano permitiu, com esta atitude, “que os seus opositores na região ganhassem vantagens.

No seu entender, o estadista angolano devia aproveitar a oportunidade de “discutir com o presidente anfitrião o dossier dos Grandes Lagos”.

OPAIS

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