" Mugabe foi libertador, agora é opressor", " Mugabe vai embora", "Mugabe, o senhor falhou" podia ler-se em cartazes transportados pelos manifestantes e dirigidos ao "pai" da independência do país, com 92 anos e no poder há 36.
Um grupo de jovens licenciados desempregados proibidos de se manifestarem pela polícia juntou-se a um outro cortejo que protestava contra a introdução em maio de uma divisa local, com paridade com o dólar norte-americano.
O grupo pretendia entregar uma petição no parlamento contra a medida que se receia represente um regresso da hiperinflação que destruiu a economia em 2008-2009, forçando o Zimbabué a abandonar a divisa nacional.
A crise económica que afeta o Zimbabué desde o início dos anos 2000 agravou-se este ano e o governo tem tido dificuldade em pagar aos funcionários públicos.
Nos últimos meses têm-se multiplicado as críticas ao presidente e, há duas semanas, os habitualmente leais veteranos da guerra da independência do Zimbabué juntaram-se aos que protestam e criticaram o comportamento "ditatorial" de Mugabe e pediram a sua demissão.
O chefe de Estado zimbabueano reagiu ameaçando as vozes discordantes com uma severa repressão e na última semana cinco veteranos foram detidos.
Todos ficaram em liberdade provisória após terem pago uma caução de 300 dólares e sido acusados de "minar a autoridade do Presidente", segundo a sua advogada, Beatrice Mtetwa, que adiantou que dois outros foram detidos hoje.
No mês passado, o pastor batista Evan Mawarire, um dos líderes da contestação e organizador de uma greve geral, também foi detido e acusado de tentativa de derrube do governo.
Quando foi libertado, Mawarire, de 39 anos, que ganhou nome rapidamente ao divulgar um vídeo na Internet em abril onde atacava a corrupção e a má gestão do governo, apelou à população para continuar a fazer greve e refugiou-se na vizinha África do Sul, onde se encontra ainda.