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Sábado, 19 Dezembro 2015 14:10

Antigos chefes de estado moçambicanos sugerem à Renamo que retome o diálogo

Os antigos presidentes moçambicanos Joaquim Chissano e Armando Guebuza sugeriram hoje ao líder da oposição da Renamo, Afonso Dhlakama, que retome o diálogo com o atual Governo e use a legalidade em vez da força.

Os antigos presidentes moçambicanos Joaquim Chissano e Armando Guebuza sugeriram hoje ao líder da oposição da Renamo, Afonso Dhlakama, que retome o diálogo com o atual Governo e use a legalidade em vez da força.

“Enquanto não perseguir a lei, tudo será ilegal e antidemocrático, tudo será contra a palavra dele, de democracia, seria um fracasso político”, afirmou Joaquim Chissano, falando em Maputo à margem do encontro de fim de ano do atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, com o corpo diplomático.

Referindo-se ao líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) como “irmão”, Chissano aconselhou Dhlakama a abster-se de usar a força, recomendado que “persista no caminho da persuasão” para obter a legislação que corresponda aos seus desejos.

No discurso sobre o estado da nação, na quarta-feira no parlamento (sem a presença dos deputados da Renamo, que abandonaram a sala do plenário), o Presidente da República, Filipe Nyusi, reiterou a sua disponibilidade para se avistar com o líder do maior partido de oposição para superar a atual crise política.

No mesmo dia, Dhlakama, que não é visto em público desde que a polícia cercou e invadiu a sua casa na Beira, a 09 de outubro, numa operação de recolha de armas da oposição, disse por telefone a jornalistas e membros do seu partido, reunidos num hotel em Maputo, que tenciona controlar a partir de março as seis províncias no centro e norte do país onde reivindica vitória eleitoral.

Os pronunciamentos dos dois líderes seguiram-se ao chumbo pela maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) no parlamento, a 07 de dezembro, da proposta de revisão pontual da Constituição, submetido pela Renamo, visando a criação de autarquias provinciais, como forma de ultrapassar o que o maior partido de oposição considera ter sido uma fraude nas eleições gerais de 15 de outubro de 2014

Além da proposta de revisão da Constituição, a Frelimo já tinha chumbado em abril um projeto de lei da Renamo prevendo a criação das autarquias provinciais.

Para Joaquim Chissano, “em primeiro lugar, a Renamo e o presidente da Renamo devem fazer tudo para merecerem a confiança” e uma das formas de o fazer, observou, é renunciar às armas.

“Não é só dizer que não fazem a guerra, quando continuam a ser treinadas forças e as armas continuam a ser distribuídas”, declarou o antigo estadista, que assinou com Dhlakama o Acordo Geral de paz, em Roma em 1992, encerrando 16 anos de guerra civil.

“As instituições existem no nosso país, o Estado deve ser reconhecido, as leis e as instituições existem, o que não significa que não possam ser mudadas”, assinalou.

Armando Guebuza, chefe de Estado até janeiro deste ano após dez anos de mandato, considera, por sua vez, que as pretensões de Dhlakama de governar seis províncias no centro e norte de Moçambique são impossíveis de satisfazer.

“É hábito dele dizer coisas que que são impossíveis na realidade e por isso ele tem vindo a prometer, a prometer, a prometer, e não vê resultados dessa natureza”, afirmou Guebuza, também presente no encontro de hoje entre Nyusi e o corpo diplomático.

Para o antigo Presidente da República, Afonso Dhlakama “devia deixar de falar de longe e encontrar soluções para os problemas que eventualmente tenha”, mencionando a existência de “esforços para um diálogo entre o Presidente Nyusi e ele”.

Na quarta-feira, Dhlakama assegurou que voltou a Sadjundjira, na Gorongosa, uma das principais bases da Renamo e onde já passara quase dois anos, durante a última crise política e militar com o Governo, entre 2013 e 2014, e apenas mostrou disponibilidade para retomar o diálogo com Filipe Nyusi após assumir o controlo das seis províncias no centro e norte do país onde reivindica vitória eleitoral.

Lusa

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