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Segunda, 07 Abril 2014 11:20

Nigéria é a primeira economia africana de acordo com estatísticas

A Nigéria tornou-se na primeira economia africana, ultrapassando a África do Sul. Trata-se de um acontecimento importante para dois países com aspirações mundiais — e que valida as iniciativas das empresas estrangeiras nos arriscados mercados africanos.

O produto interno bruto da Nigéria foi de US$ 510 bilhões em 2013, 89% maior do que o previsto pela maioria dos economistas, divulgou a Agência Nacional de Estatísticas do país. O valor é US$ 190 bilhões maior que o PIB da África do Sul, cuja economia tem crescido lentamente.

O novo PIB da Nigéria é resultado de um esforço de cinco anos para medir um dos maiores mercados informais do mundo. A última vez que a Nigéria tinha feito uma avaliação completa da sua economia foi em 1990. Mas, agora, os estatísticos nigerianos atravessaram o país em motocicletas e lanchas, visitando desde donos de cibercafés a produtores de cinema e outros empresários, para registar uma actividade comercial antes não computada.

"Sim, estamos surpresos com os números", diz Yemi Kale, estatístico-geral da agência, que adiou o anúncio três vezes para conferir os cálculos.

A ascensão nigeriana representa uma ratificação para as empresas estrangeiras que estão a mergulhar nos mercados mais arriscados da África, onde as populações são jovens e estão a crescer rapidamente. Isso está a levar muitas delas à Nigéria, onde vive um em cada seis africanos.

"Se você não está na Nigéria, você não está na África", diz o ministro das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala.

Este ano, a Nissan Motorvai fabricar os seus primeiros mil carros para as vias esburacadas do país. A General Electricprometeu construir até US$ 10 bilhões em turbinas novas para centrais privadas que distribuem electricidade através de linhas envelhecidas. E a Procter & Gambleabriu recentemente uma segunda fábrica para produzir fraldas para uma população que até 2045 vai superar a dos Estados Unidos como a terceira maior do mundo, segundo as Nações Unidas.

Para a África do Sul, a perda da liderança económica no continente é mais que um golpe simbólico. O governo sul-africano tem usado a sua posição na África para reivindicar um lugar à mesa dos países mais poderosos do mundo. Em 1990, a África do Sul se juntou ao G-20 e em 2010, ao grupo dos chamados Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O governo também tem feito campanha para obter um assento no Conselho de Segurança da ONU.

Algumas autoridades sul-africanas dizem que foi-se o tempo em que as multinacionais procuravam o país.

"Os sul-africanos não estão com fome de investimento", disse o ministro das finanças, Pravin Gordhan, em março. "Achamos que temos um direito adquirido e isso não é verdade."

O crescimento da Nigéria é um triunfo principalmente demográfico. A sua população será sete vezes maior que a da África do Sul até 2050, projecta a ONU. Essa trajectória está a atrair investimentos e a encorajar empresas dispostas a enfrentar os inúmeros problemas da Nigéria.

A África do Sul ainda tem a melhor infraestrutura do continente, produzindo dez vezes mais electricidade que a Nigéria para uma população cerca de 30% menor. Mas esses atractivos estão a esgotar-se. Em março, a estatal de energia do país, Eskom, recorreu a apagões depois que as chuvas molharam o carvão que ela usa como combustível.

A Nigéria continua a ser um dos lugares mais difíceis para se operar; o país ficou 106 colocações abaixo da África do Sul no relatório deste ano do Banco Mundial sobre facilidade para se fazer negócios. Pagar impostos, registar propriedades e obter electricidade é mais difícil na Nigéria que na África do Sul ou muitos outros países, informa o banco.

Apenas 9% da população activa da Nigéria está empregada, segundo uma pesquisa do instituto Gallup de 2012. Um tumulto recente causou 16 mortes quando 250.000 pessoas, a maioria jovens, acorreram a uma feira em que o governo oferecia 5.000 empregos públicos.

E alguns dos investidores mais importantes da Nigéria estão a diminuir a sua presença no país: As grandes companhias de petróleo estão frustradas com a incapacidade das autoridades de conter os ladrões que se escondem nos pântanos e serram os oleodutos, para roubar milhares de barris de petróleo todos os dias. Além disso, piratas saqueiam navios com tanta frequência que agora as seguradoras exigem os mesmos prémios na Nigéria que nos mares da Somália.

Mas ainda que algumas empresas estejam a partir, um tipo diferente de empreendedor está a apostar no país, na esperança de atingir gerações de futuros compradores de carros e frequentadores de lanchonetes e grandes lojas, tendo em vista que 85 milhões de nigerianos ainda não completaram 18 anos.

A Yum! Brands Inc. abriu recentemente seu 25º restaurante KFC na Nigéria. A cadeia teve que adicionar peixe ao cardápio para compensar a proibição da importações de frango, defendida vigorosamente por um lobista poderoso: Olusegun Obasanjo, que instituiu a proibição quando era presidente e deixou o cargo para se tornar o maior produtor de frango do país. Obasanjo não respondeu a pedidos de comentários.

As cinco lojas da Domino's Pizzana Nigéria são as de maior movimento da cadeia no mundo. A manutenção dessas lojas também é particularmente complicada. Cada uma delas extrai e purifica água de poços construídos sob encomenda: "Temos muito volume, de modo que compensa [os gastos com a água]", diz o franqueado nigeriano Eric Andre. "Precisamos capturar o mercado antes que alguém chegue", diz ele.

Lusa

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