Angola é o único país da África subsaariana com perspetiva de evolução positiva do 'rating' atribuído pela agência de notação financeira Moody's, de acordo com um relatório da consultora com sede em Nova Iorque.
Segundo o relatório que sintetiza a perspetiva de evolução das classificações de crédito atribuídas pela agência aos países da África subsariana, apenas Angola tem uma perspetiva positiva de evolução do 'rating', atualmente em (Ba3), ao passo que o Gana e a África do Sul merecem uma perspetiva de evolução negativa.
O relatório 'Sovereign Outlook: Sub-Saharan Africa', a que a Lusa teve acesso, reflete que só estes três países, dos quinze analisados, deverão ter uma alteração no rating nos próximos 12 a 18 meses, mas a avaliação que os peritos fazem é, no entanto, promissora para a generalidade dos países, apesar das dificuldades.
"A qualidade do crédito soberano na generalidade da região continua a ser limitada pelos níveis de PIB per capita muito baixos, rankings de competitividade muito baixos, força institucional imitada e, nalguns casos, um historial de inflação alta e volátil", escrevem os analistas da Moody's, que notam ainda que a pouca diversificação das exportações, os típicos gargalos das infraestruturas e os desafios da governação continuam a ser uma tendência transversal à região.
Ainda assim, os mesmos analistas sublinham que "a perspetiva positiva atribuída ao rating de Angola é uma prova do espectro de melhorias nos ratings da região nos próximos 12 a 18 meses, refletindo as perspetivas de investimento e crescimento favoráveis, reformas concertadas com o objetivo de fortalecer o enquadramento institucional, e uma melhoria na gestão da riqueza [proveniente] dos recursos naturais".
Apesar de a avaliação da generalidade dos países evidenciar os muitos desafios que esta zona do globo ainda enfrenta, os analistas da Moody's salientam que a África subsariana tem sido uma das regiões com um crescimento mais rápido a nível mundial na última década e aumentou a sua percentagem do PIB mundial em quase 50%, valendo em 2012 cerca de 1,7% da riqueza mundial, quando em 2000 valia apenas 1,2%.
Neste e no próximo ano, a Moody's antecipa que a média dos países nesta direção cresça 5,5%, acima dos 5,2%, em média, entre 2010 e 2013, ao passo que a Ásia, a região que mais cresce no mundo, registou valores próximos dos 7% neste e no próximo ano, ainda assim abaixo da média de 8,5% entre 2003 e 2013.
As perspetivas de crescimento económico da África subsariana são animadas pelo crescimento da procura interna suportado no aumento da riqueza individual dos cidadãos e pelos grandes programas de investimentos públicos, especialmente em infraestruturas
Também contribuem os fluxos de Investimento Direto Estrangeiro, a melhoria das condições económicas dos principais parceiros exportadores e o aumento do investimento privado decorrente de uma gestão mais equilibrada da macroeconomia, para além de um ambiente político mais estável e das reformas para melhorar o ambiente empresarial, aponta a Moody's.
Lusa