É também uma delegação que tem por objetivo marcar território, ou seja, continuar a garantir o interesse dos EUA em África, e nomeadamente em Angola, para travar a presença chinesa no continente", começa por afirmar Celso Filipe, diretor adjunto do Negócios, que tem estado a acompanhar o encontro.
Ao fim de três dias da cimeira de negócios Estados Unidos-África, ficou claro que a delegação dos Estados Unidos está em Angola "sobretudo interessada em perceber como é que pode aproveitar o potencial do Corredor do Lobito. É também uma delegação que tem por objetivo marcar território, ou seja, continuar a garantir o interesse dos EUA em África, e nomeadamente em Angola, para travar a presença chinesa no continente", começa por afirmar Celso Filipe, diretor adjunto do Negócios, que tem estado a acompanhar o encontro.
No entanto, sublinha, "continuam a existir alguns 'irritantes' na relação entre a África e os Estados Unidos, sendo o maior deles a questão das tarifas. Embora os representantes dos EUA tenham dito que as tarifas foram anunciadas, mas ainda não estão a ser aplicadas, o certo é que as tarifas de 40% constituem um entrave às negociações. E também a questão dos vistos. A dificuldade cada vez maior que os africanos têm a obter vistos para os Estados Unidos é vista como uma situação negativa".
O Corredor do Lobito dominou a cimeira, pois "é visto como um balão de ensaio daquilo que pode ser a transformação económica do continente africano. Não só através da infraestrutura, mas também através dos investimentos que poderão ser feitos ao longo da linha, nomeadamente em setores como a agricultura, a agroindústria ou o turismo. Neste sentido, o corredor é visto como algo agregador e que pode dinamizar as economias, tanto de Angola, como da República Democrática do Congo, como também da Zâmbia", enumera Celso Filipe.
Além disso, reforça, "é fundamental no sentido em que poderá ligar dois oceanos, o Oceano Índico e o Oceano Atlântico. E é também uma forma de poder pôr as matérias-primas, que são sobretudo extraídas das minas da República Democrática no Congo, dos dois lados do continente, mas sobretudo a ideia é trazê-las para o Oceano Atlântico e para a Europa, uma tarefa que é dificultada pelo facto da maioria das concessões mineiras na República Democrática do Congo serem controladas por chineses".
Além do Lobito, outra das palavras de ordem dos líderes africanos que estiveram presentes nesta cimeira foi "conectividade". "É preciso haver conectividade entre os países do continente africano para que as trocas comerciais entre eles aumentem. E, portanto, neste sentido, o Corredor do Lobito é não só uma saída para o Atlântico, mas é também uma forma de promover o comércio no continente africano. África é também um enorme mercado interno com um grande potencial e isso só acontece se também se houver uma união e uma harmonização das economias africanas", conclui. Jornal de Negócios