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Sábado, 30 Julho 2016 22:00

Luaty Beirão queixa-se de pressão depois da mulher ter sido levada pela polícia

O rapper Luaty Beirão, condenado pelo tribunal de Luanda por rebelião e associação de malfeitores, denunciou ontem que a família está a ser “pressionada”, depois de a mulher, Mónica Almeida, ter sido levada por agentes da polícia.

O activista, em liberdade provisória precisamente desde 29 de Junho, juntamente com os restantes 16 condenados no mesmo processo, confirmou à Lusa que Mónica Almeida esteve mais de duas horas retida por agentes da polícia, para ser identificada, interpelada quando estava a conduzir.

Posteriormente, ainda durante a manhã de ontem, foi abordada por uma segunda patrulha da polícia tendo ficado incontactável por telemóvel, alegadamente devido ao recurso a um equipamento “bloqueador de sinal”, equipamento habitualmente utilizado pelos serviços secretos angolanos, acusa Luaty Beirão.

Durante duas horas, Mónica Almeida “andou às voltas” a conduzir sob ordens da polícia, “sem nunca ter entrado na esquadra”, tendo no final os agentes alegado uma confusão na identidade e que estavam à procura de uma “suposta assaltante”.

Em comunicado a que a Lusa teve acesso, a Polícia Nacional já fez saber que foi aberta uma “investigação” a este caso, tendo em conta a “gravidade da situação”, por “tal comportamento ou prática não fazer parte dos procedimentos de actuação do efetivo” daquela força e “não havendo qualquer orientação superior nesse sentido”.

“Claro que tiro outra ilação do que aconteceu, já não sou anjinho nenhum, ainda mais na situação que estamos a viver. Vivemos num Estado policial e essas coisas acontecem com muito boa gente, poderia ser uma coincidência, mas eu já não acredito nisso”, acusou o activista.

Durante o período em prisão preventiva, entre Junho e Dezembro de 2015, e nos três meses em que esteve a cumprir parte da pena a que foi condenado, após 28 de Março e até à libertação por decisão do Tribunal Supremo, incluindo na greve de fome de 36 dias que Luaty Beirão promoveu, Mónica Almeida foi sempre a porta-voz do rapper, um dos rostos mais visíveis da contestação ao governo de José Eduardo dos Santos.

“Isto é uma forma de pressão, por contágio. Está toda uma família em polvorosa, nervosa, e depois entre nós começamos a ter pressão, a dizer para pensar na mulher, na filha. Basicamente, como não conseguem chegar até nós de outra forma, tentam com estes métodos”, criticou ainda.

© Lusa

 

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