"Trata-se de atos de justiça, memória e cura", afirmou o ministro do Desporto, das Artes e da Cultura da África do Sul, Gayton McKenzie, acrescentando que estes atos "confirmam o compromisso do Governo em restaurar a dignidade, promover a restauração cultural e enfrentar a dolorosa herança do colonialismo e do 'apartheid'".
Em declarações aos jornalistas, sobre todo o processo, o ministro referiu que equipas governamentais irão a países vizinhos, como Angola e Zimbábue, para inspecionar os registos dos cemitérios a fim de localizar pessoas que possam ter morrido durante a luta contra o 'apartheid', para que, desta forma, estas também possam ser repatriadas. Uma missão deverá deslocar-se a Angola nas próximas semanas com uma lista de 400 pessoas a procurar, anunciou. "Muitos nunca regressaram a casa.
Alguns morreram desconhecidos, enterrados em sepulturas anónimas, sem que as suas famílias pudessem chorá-los", afirmou. No caso de Angola, o ministro adiantou que o Governo está em negociações com uma empresa australiana de desminagem para obter ajuda para aceder a zonas ainda minadas após décadas de guerra civil em Angola, que terminou em 2002.
No anúncio, o ministro referiu um plano para enterrar novamente os restos mortais de 58 pessoas que foram retiradas dos seus túmulos para serem estudadas por museus e outras instituições durante o período colonial.
“Eles foram expostos em museus, estudados em laboratórios e mantidos em instituições estrangeiras sem consentimento ou respeito. Estamos a corrigir essas injustiças”, declarou McKenzie, apelando para que "todas as instituições, [na África do Sul] e no estrangeiro" iniciem processos honestos e concretos de restituição e repatriação.
McKenzie citou como sucesso a repatriação, em 2012, dos restos mortais de um casal Khoïsan, Klaas e Trooi Pienaar, que tinham sido exumados ilegalmente em 1909 e enviados para a Áustria para estudo. Também mencionou o regresso à África do Sul, em 2002, dos restos mortais de uma mulher Khoîsan, Saartje Baartman, conhecida como a "Vénus hotentote", que foi exibida como uma aberração em feiras na Europa no século XIX, antes de morrer em França em 1815. Mais de mil ativistas antiapartheid morreram no exílio em países africanos, mas também em Cuba e na Europa, disseram as autoridades em setembro, quando os restos mortais de 42 exilados foram repatriados.