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Quarta, 24 Abril 2024 18:22

Malária em fase de controlo e redução de óbitos em Angola - World Vision

O diretor do programa de saúde da World Vision, organização não-governamental internacional, disse hoje que Angola “está numa fase de controlo” da malária, doença endémica, que continua a ser a principal causa de óbitos no país.

Alfredo Francisco disse à Lusa que o país está numa fase de controlo de casos da malária, tendo o número de mortes reduzido “bastante”, acima de 25%, nos últimos cinco anos, com trabalho ainda por se fazer para baixar a alta transmissão e melhorar sobretudo a prevenção.

Em 2023, a organização registou nas províncias de Benguela e do Cuanza Sul, regiões onde tem ações de combate à malária, 46.924 casos suspeitos, tendo sido testados 46.315 casos, dos quais 22.692 tiveram resultados positivos, beneficiando de tratamento 20.903 pessoas.

A World Vision conta com doações financeiras de perto de dez milhões de dólares (9,4 milhões de euros) disponibilizados, nos últimos três anos, pelo Fundo Global e pela Exxon Mobil para o combate à malária, para ações em Benguela e Cuanza Sul.

Segundo Alfredo Francisco, a distribuição contínua de mosquiteiros em massa é uma das grandes estratégias da organização para o controlo desta doença endémica em Angola, que continua a ser a principal causa de mortes no país e de internamentos hospitalares.

O responsável frisou que a World Vision, presente em Angola há cerca de 30 anos e com vários projetos em 15 das 18 províncias do país, distribuiu, em 2022, em Benguela e Cuanza Sul, regiões onde tem como foco crianças menores de cinco anos, 2,8 milhões de mosquiteiros, com uma cobertura aproximada de 80% da população.

Alfredo Francisco adiantou que, em julho deste ano, a organização começará a preparar o lançamento de uma nova campanha de distribuição de mosquiteiros em 2025, que vai abranger igualmente a província do Bié, região também “com uma alta transmissibilidade de malária” e há algum tempo sem esse tipo de apoio.

Em Benguela e Cuanza Sul, a World Vision realiza o controlo de vetores e identificou a necessidade de se realizarem estudos para aferir qual a resistência dos mosquitos aos mosquiteiros, pesquisa que está em fase de conclusão.

“Muitas vezes, mesmo as pessoas usando mosquiteiros, o número de casos tende a aumentar, então há uma necessidade de se saber qual é o inseticida necessário, que melhor responde àquela determinada província, para fazermos a aquisição desses mosquiteiros com este tipo de inseticida”, explicou.

Ainda se verifica o não uso dos mosquiteiros pela população, “mas numa dimensão bem menor” que no passado, referiu o responsável, esperando que, com a realização do censo populacional angolano, em julho deste ano, se analise a taxa de uso deste produto.

“O mosquiteiro salva vidas, é verdade, em algumas localidades ainda temos estas situações de pessoas usarem para pesca, de pessoas dizerem que não usam o mosquiteiro porque é muito quente e diferentes motivos, mas precisamos de ter um estudo para aferirmos qual é a cobertura de pessoas que estão a usar e as que não usam”, acrescentou.

Para a mulher grávida, a organização tem ações em três municípios de Luanda, com financiamento da Exxon Mobil, com vista a aumentar a taxa de consumo do Fansidar, o tratamento intermitente preventivo para este grupo vulnerável, a seguir às crianças.

“Há todo um esforço que estamos a fazer no sentido de que estas mulheres grávidas tenham pelo menos o número mínimo de doses de Fansidar que é recomendado pelo protocolo nacional que é de três ou mais doses”, sublinhou.

De acordo com Alfredo Francisco, de junho a dezembro do ano passado foram assistidas acima de 1.200 grávidas, contudo, ainda se registam mortes devido à chegada tardia aos hospitais, não cumprimento dos protocolos feitos pelos hospitais, mitos sobre o parto e a consulta pré-natal.

O diretor do programa de saúde da World Vision sublinhou que o problema da malária em Angola “deve e precisa ter ações combinadas e bem planificadas”, entre os diferentes setores e atores, para uma “resposta mais efetiva à malária”, defendendo a prevenção como aposta prioritária.

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