A informação foi prestada pela Casa Civil do Presidente da República, em comunicado distribuído à imprensa na Assembleia Nacional, em Luanda, onde esta manhã era aguardada a presença de José Eduardo dos Santos para a cerimónia oficial de abertura da quarta sessão legislativa da terceira legislatura, que contaria com o discurso do Presidente da República, sobre o estado da nação.
A mesma nota, sem adiantar mais pormenores, informa que o mesmo discurso será proferido pelo vice-Presidente, Manuel Vicente.
Pelas 11:05 (mesma hora em Lisboa) o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, anunciou ao parlamento ter sido informado, em reunião com os ministros de Estado e chefes da Casa Civil e Militar, da "indisposição" de José Eduardo dos Santos, impedindo a sua deslocação, um imperativo constitucional - que pode ser delegado no vice-Presidente -, ausência que acontece pela primeira vez.
Oposição críticas à ausência de José Eduardo dos Santos no Parlamento
David Mendes, da Associação Mãos Livres, considera a ausência um desrespeito pela assembleia nacional e aos angolanos.
"Não colhem as justificações apresentadas, o Presidente da República não respeita ninguém", disse.
A opinião é partilhada por Tunga Alberto, da Associação dos Direitos Humanos, para quem o discurso lido por Manuel Vicente não vincula o Presidente angolano.
"Discurso fora do contexto, não espelha o que as populações esperam e de certa maneira acho que Manuel Vicente não foi mandatado", afirmou aquele líder social.
A Unita, através do vice-presidente da sua bancada parlamentar Adalberto da Costa Júnior, acredita que foi decepcionante a atitude do Presidente da e frustrante o discurso lido pelo seu adjunto.
"Uma decepção a não presença do Presidente da República”, disse, descrevendo ainda como “muito mau” o facto de não ter sido dada uma data para as eleições autárquicas.
“Não falou da corrupção que afecta o próprio Governo, o enriquecimento criminoso continua e querem nos pedir sacrifícios, como?", interrogou-se Costa Júnior.
Por sua vez, o deputado Leonel Gomes, da Casa-CE, diz que "este discurso reflecte um outro país que não Angola”.
“Diz que nas zonas rurais há agua potável, o que é mentira, ou o Presidente está a ser aldrabado ou ele próprio se quer deixar mentir", concluiu Gomes.
Do lado, o MPLA, pela voz do responsável do partido em Luanda Norberto Garcia, considera que o discurso deu esperança e conforto aos angolanos.
" É um discurso que nos deixa tranquilos, me faz pensar que Angola é cada vez mais um país próspero, estável e a caminhar bem", defendeu o deputado da situação.
Lusa | Voanews