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Quarta, 17 Abril 2024 14:30

Nacionalista Albina Assis diz que revolução de 25 Abril acelerou cidadania para angolanos

Foi pelo marido que Albina Assis, engenheira química e ex-ministra dos Petróleos de Angola, recebeu a notícia sobre o golpe de Estado em Portugal, no dia 25 de Abril de 1974, que pôs fim a 48 anos de ditadura.

“Peguei nos meus livros e fui para a universidade. Foi assim que recebi o 25 de Abril”, contou à Lusa a histórica do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Albina Assis, que vivia na altura no bairro de Alvalade, em Luanda, num prédio onde eram os únicos africanos, diz que, por isso, a data não foi devidamente comemorada, mas na universidade, frequentada sobretudo por europeus, filhos de portugueses, observou reacções essencialmente negativas.

Albina Assis disse não ter dúvidas que a Revolução dos Cravos foi um impulso para a independência de Angola, 500 anos depois da colonização portuguesa, considerando que esta data é igualmente dos angolanos e deve constar dos manuais de História do país.

“Porque foi a partir daí que houve realmente a reviravolta para o início das negociações que levaram à independência de Angola. Portugal nunca quis negociar com as ex-colónias, só após o levantamento militar dos generais, após o 25 de Abril, é que começou a haver a hipótese e começaram realmente as negociações”, frisou.

Segundo a ex-deputada do MPLA, “havia um desgaste muito grande”, que era confirmado pela deserção de portugueses que não queriam ir para a guerra em Angola.

“Significa que a guerra colonial foi a razão principal para os Capitães de Abril darem o golpe”, considerou Albina Assis, que já foi ministra da Indústria de Angola.

“A data também é nossa”, afirmou, lamentando que os angolanos não sintam a data como sua também.

Na clandestinidade, contou Albina Assis, o MPLA desde cedo fazia parte do movimento que era chamado, na altura, Juventude Revolucionária, dizia-se já que a independência era uma realidade.

De acordo com a nacionalista, os jovens não lutaram “para ter este ou aquele cargo”, mas para ver Angola independente “e ver os angolanos a mudarem de vida e a viverem melhor”.

“Era esse o nosso princípio, quando pensámos na independência era para esse fim, melhorar a vida dos angolanos e creio que toda a gente que saiu daqui, que foram para o exterior e estiveram na guerrilha, a sua missão era essa, não era para o seu bem pessoal”, frisou.

Rejeitou, por isso, os que dizem que no tempo colonial “era melhor”, lembrando que “havia escravatura” e os angolanos não tinham cidadania. Eram “assimilados ou indígenas”, frisou.

Contudo, admitiu que o país não corresponde aos ideais da luta pela libertação, alcançada em 11 de Novembro de 1975, argumentando que “50 anos de independência para um país não é nada”, e que países europeus, como Portugal e Espanha, levaram o seu tempo para se desenvolverem.

“Nos últimos 30 anos, eu vi a própria Europa toda a mudar, por isso acredito que Angola hoje ainda não esteja no caminho certo, naquilo que desejava estar, mas há de caminhar para lá e não podemos pensar que vamos caminhar a passos de gigante, vamos caminhar a passos que nos forem possíveis”, observou Albina Assis, que é membro do Conselho de Honra do MPLA, órgão de consulta do presidente do partido, João Lourenço, e foi presidente do conselho de administração da Sonangol.

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