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Sexta, 16 Setembro 2016 10:01

Nossos comentadores a perder-se com histórias do passado - Marcolino Moco

Olhar para o elenco do comité central (CC) do MPLA saído do seu VII Congresso é desesperar, quando vemos responsáveis e dirigentes de instituições chaves do Estado que deviam primar pela sua equidistância politica, mesmo que apenas formal, agora etiquetados, ostensivamente, com a sua condição (por inerência de funções?!) de altos dirigentes do partido no poder. O caso mais flagrante é o do Governador do Banco Nacional de Angola. Colateralmente, foi consolidado o sinal de que para se ser empresário de sucesso, o caminho é integração no MPLA.

Entretanto, na sequência do facto anterior, vejo os debates na TPA e na TV Zimbo, agora já com a presença de comentadores da oposição (o que aparenta ser um claro progresso), com os seus comentários muito macios, a falarem de um franco progresso na construção “da nossa democracia”, quando o que se observa é o fim da caminhada para a construção de uma monarquia absoluta, rodeada de aduladores. Quando olho para esses debates, pergunto-me se não são impostos limites em relação a aspectos gravíssimos que se passam no país agora, porque os sinto – os nossos comentadores – a perder-se com histórias do passado de seus partidos, quando o presente dilacera angolanos, enquanto o regime destrói e ou pessoaliza, em cada dia que passa, as instituições do Estado. Quando espaços tão preciosos não são aproveitados para se ultrapassar uma certa tibieza atribuída à oposição, pergunto-me o que haverá por trás das cortinas. Será para não perderem tais espaços? Desconfiança que têm, aliás, muitos cidadãos que me abordam perguntando se tudo não vai continuar na mesma ou piorar, mesmo que, eventualmente, venha outro partido ao poder, desses que parecem demarcar-se do grave problema dos “revus” ou das criminosas demolições de casas de pobres, alguns muito recentemente deslocados de guerra, para citar só alguns exemplos.

E na sequência dos debates internos, temos estes animados debates com um embaixador itinerante por europas e américas, sempre bem apetrechado de falácias, em que ele mesmo, certamente, não acredita como sendo verdades. Astuto, o criador desta ementa de ilusões que ainda não levaram ninguém, que eu tenha seguido, entre os prós e os contras, a interrogar-se sobre a legitimidade deste mecanismo provocador inútil , decerto, de despesas do Estado, em tempo de crise. É mais uma acção “atípica” lançada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, em que tudo que é minimamente razoável é posto de lado. Aqui não se coloca qualquer dúvida sobre tratar-se de tornar simpática, lá fora, uma cara que é tão severa aqui dentro, mesmo quando exala sorrisos cínicos. 

Makas no Gabão. Apanágio da África, este de imitar os formalismos importados do Ocidente. Do que tenho estado a falar no caso de Angola. Não se discutem os mecanismos do Estado que sosseguem todos os agentes políticos antes de eleições que só servem para satisfazer quem as quer realizadas como uma questão de ritual, para salvaguardar sucessões monárquicas. Há um dia que as coisas rebentam. E populações são mobilizadas para novas ilusões. Para quando o sobrevoo do espírito de Mandela sobre a nossa África?!

O burkini na obsessão de integração cultural da velha e nova França: É caso para dizer que os extremos se tocam. Se condenamos o fundamentalismo “jihadista”, como entender que mulheres muçulmanas, na avançada e tolerante Europa, sejam obrigadas a atirar-se para as águas das praias francesas, com vestimentas ocidentais? Como está excluída a ideia do “olho por olho e dente por dente”, na base de tal assimilacionista atitude, só se pode enquadrar na velho sonho colonialista de integração cultural dos “outros”. Mas, reconheça-se, a ideia não teve livre curso, impedida pelos mecanismos fortes das instituições ocidentais.

 

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