Um tribunal sul-africano proibiu temporariamente o presidente do Sudão de sair do país, na sequência de um pedido de detenção por parte do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Ainda assim o ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão, Kamal Ismail, garantiu que o Presidente regressará ao país assim que terminar a principal sessão da cimeira da União Africana na África do Sul.
"Isso pode ser hoje ou amanhã [segunda-feira], não vou entrar em detalhes", disse em conferência de imprensa, acrescentando que "até agora tudo decorre normalmente" e o Presidente não corre qualquer risco.
Desafiando o TPI, que o quer julgar por crimes contra a humanidade na região do Darfur, Omar al-Bashir chegou no sábado a Joanesburgo para presidir à delegação sudanesa na cimeira da União Africana, que começou hoje.
Segundo o Tribunal sul-africano, o presidente sudanês está impedido de sair do país até que a Justiça analise o mandado de captura do TPI. O caso deve de ser decidido ainda na tarde de hoje por um tribunal de Pretória.
"O que se vê na imprensa não tem nada a ver com o que está a acontecer na África do Sul", disse Kamal Ismail.
Omar el-Béchir tem desafiado acusações de crimes de guerra do TPI desde 2009. Nesse ano, e no ano seguinte, foi acusado de genocídio mas tal não impediu que em abril ganhasse as eleições com 84 por cento dos votos, perante o boicote da oposição e um punhado de adversários pouco conhecidos.
Com 71 anos, provou ser um sobrevivente político desde que assumiu o poder em 1989 através de um golpe de Estado, suportando não apenas as acusações do TPI mas também um grande número de problemas internos.
O conflito do Darfur começou em 2003 quando rebeldes do Darfur iniciaram uma campanha contra o governo de Al-Bashir, alegando que a zona era política e economicamente marginalizada.
Mais de 300.000 pessoas morreram e cerca de 2,5 milhões foram forçadas a sair das suas casas devido ao conflito, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Além dos conflitos armados que afetam metade dos seus 18 estados, o Sudão perdeu cerca de 75% dos seus recursos petrolíferos com a secessão do sul, que se tornou o Estado do Sudão do Sul em 2011.
Lusa