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Segunda, 28 Setembro 2015 12:46

Dirigente do MPLA quer Samakuva no tribunal

O secretário para informação do Comité Provincial de Luanda do MPLA, Norberto Garcia, considerou, esta semana, que o líder da UNITA deveria ser levado a tribunal por injúrias e difamação contra José Eduardo dos Santos.

Citado pelo portal do seu partido (MPLA), Norberto Garcia defendeu que mais normal é que se mova um processo contra Isaías Samakuva, por declarações difamatórias sobre o Presidente da República. Justifica que, quando a UNITA faz um comunicado que põe em causa o nome de uma instituição, como o PR, quando quer dar conta de que é preciso mover um processo- crime, quando vem dar conta que há práticas que estão a ser levadas a cabo e que ela entende serem completamente anormais, quando na verdade são normais, significa, numa só palavra, que há uma atitude irresponsável.

"Uma atitude inconsequente, uma atitude que não é séria, e que, ao invés de organizar o processo democrático de modo construtivo sério e dinâmico, vem desinformar e criar uma confusão desnecessária. Quem quiser exercer o poder na governação, no Executivo, um dia tem de cumprir os processos eleitorais para o fazer", asseverou, reiterando que, por restas declarações, o MPLA deveria intentar um processo-crime contra Samakuva.

As declarações foram proferidas uma semana depois de o líder do 'Galo Negro' ter desafiado os deputados dos partidos políticos na oposição, durante as jornadas parlamentares conjuntas, realizadas em Luanda, a intentarem um processo contra José Eduardo dos Santos, por violação constante à Constituição e por alegadas práticas de corrupção e suborno.

Norberto Garcia entende que "os partidos políticos, as pessoas, as empresas e outras instituições podem exercer os seus direitos de forma autónoma e desenvolver o seu pensamento, as suas ideias, aquilo que são, de facto, as referências essenciais que queremos para o País. Deste ponto de vista, estamos a crescer. Estamos a continuar com a estabilidade e o rumo de que o País precisa, que é importante".

Aconselhou ser importante que os elementos que a oposição constrói não passem uma ideia de desconstrução do processo democrático, inclusive fazer que algumas pessoas possam imitar as más práticas ou algumas condutas que não são as mais exemplares. "Penso que, deste ponto de vista, é importante que a oposição perceba que a construção da democracia se faz com boas práticas, bons exemplos, boas atitudes, e é isso que todos nós queremos", declarou, acrescentando que o seu partido defende a existência de uma oposição séria, clara, responsável, actuante, aquela que, certamente, exija que os poderes públicos cumpram com as suas obrigações, com base na lei e na Constituição, para que tudo corra da melhor maneira.

Para ele, os líderes na oposição têm chegado ao ponto de ofender e de ultrapassar os limites convencionais que a democracia definiu, sublinhando que em tudo temos limites. "A lei define limites para as nossas atitudes e comportamentos. É importante que a democracia seja exercida com respeito aos direitos de outros e levada a cabo de modo sério e responsável, para que a população aprenda com os políticos", afirmou, referindo- se às declarações do chefe da UNITA.

NOSTALGIA DA GUERRA E A ARMA SECRETA DO MPLA.

Norberto Garcia não foi capaz de concluir a entrevista ao portal do seu partido sem fazer recurso ao discurso da guerra, afirmando que as pessoas não se esqueçam do aspecto essencial: "Aqueles que mais magoaram o País, aqueles que mais fizeram coisas erradas, aqueles que mais criaram situações desestruturantes param as famílias. Todos nós temos recordações que, infelizmente, não são boas e são esses que mais querem criar este quadro situacional".

Avançou, igualmente, que a oposição deve reconhecer que, se alguns deles estão vivos, justamente porque o Presidente da República sempre cumpriu a lei e a Constituição. E mais do que isso, ultrapassou todos os limites, no sentido positivo, para respeitar os direitos humanos. O exemplo vivo, segundo a fonte, é a UNITA, em que estão todos vivos e saudáveis e quase muito ricos. Garcia apela, por isso, que as pessoas estejam atentas e não se deixem enganar.

"Temos coisas que estão bem, mas também coisas que estão más no País. Temos de assumir isso. Mas, as coisas que estão más não põem em causa a situação e a estabilidade de Angola, pelo contrário", notou o político. Depois de alguma reflexão, talvez tocado na consciência por ter feito recurso ao discurso belicista, Norberto Garcia disse: "Somos todos chamados a exercer uma acção direccionada para resolver os nossos problemas. E convidamos a oposição para, também, dar orientações ou instruções edificantes, para corrigirmos aquilo que está mal, porque, na verdade, foi muito fácil desfazer, destruir, mas construir é muito mais difícil e leva tempo. É preciso dinheiro. Devemos todos ter uma atitude responsável. O Executivo, os partidos políticos, a sociedade civil, as famílias, há aqui uma responsabilidade que é única e na unanimidade comportamental. Nesta perspectiva, devemos todos olhar para isto, com sentido de fazer bem e construirmos uma Angola sã".

UM DISCURSO 'BARATO'.

Em reacção, a UNITA considera um discurso "barato", que não merece consideração. Para o militante Aurélio Pintito, o sensato seria instar a Procuradoria-Geral da República a iniciar as investigações a respeito das constantes denúncias feitas pela UNITA e por algumas organizações internacionais.

"Esperava-se que a reacção não fosse do MPLA, mas da PGR, que tem a responsabilidade de investigar, quando há indícios de crime e, neste caso, as denúncias têm sido frequentes, e Norberto Garcia sabe bem que tudo que se tem dito à volta da corrupção em Angola faz sentido", declarou o militante da UNITA, para quem as autoridades e o Parlamento deveriam tentar investigar as denúncias sobre a corrupção, incluindo a lavagem da imagem dos governantes angolanos em caso de nada ser apurado.

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