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Sexta, 11 Março 2016 20:02

Anúncio de José Eduardo dos Santos visa "baixar a tensão" - Marcolino Moco

O antigo primeiro-ministro Marcolino Moco diz não acreditar que o presidente José Eduardo dos Santos abandone a política activa em 2018, como anunciou hoje, e afirmou que a declaração do presidente pode ter por finalidade “baixar a tensão”.

“A situação [do país] não é boa e normalmente é nestas situações que são feitas estas declarações, provavelmente para baixar a tensão”, disse o ex-governante.

Em declarações à Lusa após o anúncio do presidente de que se afastará da vida política activa em 2018, ao fim de quase 39 anos no poder, o antigo primeiro-ministro disse reagir “com uma certa incredulidade”.

“Não acredito. Tanto porque já aconteceu no passado e sobretudo pela própria articulação da declaração”, disse Marcolino Moco, actualmente advogado.

No anúncio de hoje, José Eduardo dos Santos disse: “Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política activa em 2018”.

Para Marcolino Moco, as datas mostram que a intenção não é verdadeira: “Se temos eleições em 2017 e ainda está [na agenda] do Comité Central, segundo informações dos média, um ponto em que se vai falar da candidatura do cidadão José Eduardo dos Santos, como é que se explica isso?”

Para o antigo dirigente do MPLA, “o problema não é a saída do José Eduardo dos Santos, é o regime que ele construiu”.

“A mim importa-me saber se nós, angolanos, somos capazes de superar este regime cheio de injustiças, algumas maiores do que aquelas que o colonialismo efectivou, ou se continuaremos assim, com quem quer que seja [no poder]”, salientou.

Marcolino Moco defendeu que a solução para Angola é “a sociedade civil juntar-se aos partidos políticos sérios da oposição e apresentar uma alternativa de um país que não dependa só de uma pessoa”.

Referiu-se em particular a partidos como a UNITA, a CASA-CE ou o Bloco Democrático, e “inclusive pessoas dentro do MPLA que cada vez mais se têm oposto a este sistema inaceitável a todos os títulos”.

Mas foi mais longe: “Gostaria que o próprio presidente, em vez de fazer estas declarações espectaculares, contribuísse para, antes da sua saída, realmente fazermos esta transição para um país que deslize normalmente”.

Opinião partilhada pela direcção da UNITA que prefere “ver para crer” em relação ao anúncio da saída da vida política do presidente José Eduardo dos Santos, sendo que o maior partido da oposição assume-se como pronto para a alternância em Angola.

© Lusa

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