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Sexta, 03 Dezembro 2021 22:18

Ativista angolano em greve de fome marca manifestação para sábado em Belém

O promotor de eventos culturais e políticos Kissamá vai manifestar-se, no sábado, em frente ao Palácio de Belém, pela luta de melhores condições de vida no sul de Angola, que vive uma escassez alimentar.

A manifestação, denominada "Solidariedade por uma Angola Melhor", visa, segundo Kissamá, pedir "socorro às Nações Unidas e à União Europeia" para um povo "desesperado".

"A situação é de extrema miséria em Angola, onde diariamente milhares de pessoas e crianças morrem de fome!", declarou Kissamá à agência Lusa.

“O problema é que este panorama da fome e miséria extrema se agrava na medida em que não há políticas públicas para uma visão social da parte de um Governo angolano. Estamos perante uma governação insensível àquilo que são os direitos humanos e a dignidade humana, que todos os dias quebram as regras do protocolo da declaração dos direitos humanos", acrescentou o promotor.

A situação social em Angola é frágil, uma vez que se veem "crianças a morrer por não terem nada para comer, sendo que umas comem terra e outras lixo", explicou.

Kissamá afirmou que as políticas ambientais governamentais são insuficientes, uma vez que não garantem "o aproveitamento racional das águas pluviométricas”, pois “têm havido secas cíclicas, mas não significa que durante um ano inteiro não haja queda de chuvas".

O autor do livro "O Corno de África" refere que "milhões de pessoas estão em risco de vida e muitas já abandonaram as suas casas no sul de Angola devido à seca agravada pelas alterações climáticas e que está a atingir a região”.

De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), “a falta de chuva entre novembro de 2020 a janeiro de 2021 resultou na pior seca dos últimos 40 anos", frisou.

Nas palavras de Kissamá, Angola, “rico em diamantes e petróleo, neste momento encontra-se no quadro dos países mais miseráveis e corruptos de África e do mundo, onde a pobreza extrema e a desigualdade social são latentes".

"Cerca de 30% da população angolana vive em situação extrema pobreza, ou seja, com menos de cerca de 1,11 euros por dia, e este indicativo pode piorar, segundo a World Poverty Clock (ferramenta ‘online’, que mede em tempo real peso da pobreza de diferentes países no mundo)", explicou.

Os promotores da manifestação apelam à defesa dos direitos humanos e ao apoio e intervenção internacional perante esta situação.

Apelam também ao Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que apoie a causa e que a União Europeia envie "observadores nas próximas eleições" em Angola, em 2022.

O ativista, presidente do movimento Voz de Angola na Europa, afirma que após uma manifestação em 28 de novembro, em frente ao Palácio de Belém, se encontra de vigília e greve de fome desde a madrugada de 30 de novembro.

Kissamá afirma que não teve "qualquer visita de qualquer entidade diplomática ou Governo", mas que recebeu alguns telefonemas, incluindo do presidente do partido angolano Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, que pertence à Frente Patriótica Unida, oposição ao regime angolano.

Na manifestação estarão presentes vários movimentos, como o “Movimento em Luto e a Consciência Negra" e “angolanos que se encontram na diáspora”.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou, em 30 de novembro, a necessidade de garantir o tratamento imediato da desnutrição severa de 10 mil crianças no sul de Angola.

Em comunicado, a Unicef adiantou estar a trabalhar com os governos de províncias do sul de Angola num projeto financiado pela Direção de Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (ECHO) que visa "fornecer serviços nutricionais essenciais de qualidade para crianças menores de cinco anos de idade".

O programa da Unicef inclui a avaliação da situação nutricional de crianças menores de 5 anos nas províncias de Benguela, Cunene, Huambo e Huíla, cujos resultados preliminares estão atualmente a ser finalizados, sob a liderança do Ministério da Saúde.

Entre janeiro e setembro de 2021, o apoio da Unicef já permitiu a mais de 215.000 crianças serem rastreadas nas suas comunidades e a mais de 35.000 crianças com desnutrição severa serem encaminhadas para serviços de atendimento em várias províncias do sul de Angola.

O Presidente angolano, João Lourenço, criou em setembro uma 'task force' para combater a fome e a seca no sul do país e o Governo está a desenvolver várias ações, como a construção de projetos estruturantes e a distribuição de água e alimentos às populações.

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