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Segunda, 21 Setembro 2020 15:45

MPLA introduz ruído para desviar as atenções do escândalo de São Vicente e esposa

O país continua em choque com as revelações vindas da Suíça sobre o volume de dinheiro que o cidadão Carlos Manuel São Vicente transferiu, tranquilamente, durante anos a fio, para aquele país.

Atónitos, todos estamos a saber que durante anos, São Vicente transferiu para fora do país o dinheiro que quis. Nem a Sonangol, empresa-mãe da negociata, e nem o Banco Nacional de Angola mostraram qualquer inquietação em face das volumosas remessas de dinheiro que São Vicente foi escondendo em bancos suíços.

O choque e a perplexidade dos angolanos aumentaram quando souberam que Irene Neto, durante muito tempo considerada como pessoa íntegra, afinal não era o que aparentava. Por detrás da imagem de honradez, escondia-se uma trapaceira, tão destituída de carácter quanto o seu marido, um ladrão.

O agora conhecido envolvimento de Irene Neto na roubalheira mutila o país da referência moral em que era tida a família de Agostinho Neto.

Com José Eduardo dos Santos e filhos já há muito perdidos para o campo da degradação moral, Agostinho Neto e sua família resistiam como símbolo de esperança.

São Vicente e esposa deitaram tudo a perder.

Com o país totalmente absorto em pensamentos, a tentar perceber como foi possível que um só casal lhe enfiasse uma tão profunda facada, eis que o MPLA decide introduzir ruido no processo de meditação e reflexão a que os angolanos se entregaram.

A informação de que algumas centenas de militantes da UNITA no Kuando Kubango se bandearam para o MPLA, rapidamente transformada em acontecimento do dia pela Televisão Pública de Angola, é uma banalidade que só alegra ao partido da situação. “Aquilo” nem se encaixa no conceito de notícia, a qual assenta na novidade. Ora, a “transumância” de militantes, ou supostos, da UNITA para o MPLA já não suscita nenhum interesse. Como “notícia”, comparar-se-ia àquela que relata a mordedura de um cão a um humano.

Introduzir esse ruído no momento em que os angolanos procuram perceber o que se passa consigo é uma óbvia tentativa de desviar as atenções.

A menos de dois anos das próximas eleições, o país vê cair-lhe no colo o maior escândalo financeiro de sempre.

Mesmo com os olhos marejados, os angolanos avisados olham para o MPLA e para o seu líder e meneiam as cabeças em silenciosa reprovação.

Isabel dos Santos acaba de revelar que o MPLA e os seus anterior e actual líderes foram avisados da pouca vergonha que se passava na Sonangol. Mas ninguém moveu uma palha. José Eduardo dos Santos saiu da cena sem incomodar os tubarões da Sonangol. Ele lá sabe por que o fez. João Lourenço também não quis perturbar o a colmeia. E até mesmo para tranquiliza-la, chamou a abelha mãe para muito próximo de si. Enquanto partido governante, o MPLA finge que a corrupção é uma realidade ficcionada por pessoas de má vontade.

Neste momento é ao MPLA, essencialmente, que interessa a criação de ruídos que perturbem a reflexão dos angolanos sobre o terrível momento que atravessam.

Num momento como este, em que o país deve unir-se para prevenir a repetição de casos como o de São Vicente e esposa, o MPLA abandonar, ou pelo menos suspender, o espírito de bando virado apenas para a defesa dos seus interesses exclusivos.

A fuga de militantes da UNITA, atraídos pela oferta de comida e pouco mais, é matéria que não aquece nem arrefece a generalidade dos angolanos. Sendo, portanto, abusiva a utilização da comunicação social pública para propagar eventos de interesse público nulo. Correio Angolense

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