Dos Santos defende uma agenda de transparência, inclusiva e um PRS que se posicione como uma verdadeira alternativa política em Angola.
O Decreto – Como avalia a sua recente expulsão da reunião do Conselho Político do PRS?
Gaspar dos Santos Fernandes – A minha expulsão da reunião do Conselho Político do PRS reflete claramente a falta de democracia interna e a intolerância em relação às vozes dissidentes dentro do partido. Acredito que essa acção foi uma tentativa deliberada de silenciar a minha candidatura à presidência do partido, evidenciando o receio da actual liderança perante a possibilidade de mudança e renovação.
OD – Quais foram as principais razões para a expulsão, na sua opinião?
GSF – Na minha opinião, a principal razão para a minha expulsão foi o meu legítimo questionamento sobre a falta de convocação para a reunião e a tentativa de compreender as manobras que estão a ser utilizadas para impedir a realização de um congresso justo e transparente. A minha presença incomodou porque represento uma ameaça real à continuidade de uma liderança que não quer ser desafiada.
OD – Quais são os principais pontos de desacordo entre a sua candidatura e a actual direcção do PRS?
GSF – O principal ponto de desacordo é a forma como o partido tem sido gerido. Enquanto a actual direcção tem manipulado o processo do congresso, procurando maneiras de se manter no poder sem permitir uma competição justa, a minha candidatura defende a renovação, a transparência e a democracia interna. O PRS precisa voltar a ser um partido de inclusão, onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas.
OD – Como avalia o processo de organização do V Congresso do PRS?
GSF – O processo de organização do V Congresso do PRS tem sido marcado por irregularidades e falta de transparência. Um exemplo claro é a decisão expressa no acórdão n.º 880/2024, que determina a suspensão do V Congresso Ordinário até que as irregularidades apontadas sejam devidamente sanadas. No entanto, a direção do partido decidiu solicitar ao Tribunal Constitucional a aclaração do referido acórdão, sem que tenha havido, até agora, uma resposta. Da mesma forma, a ação principal movida pelo Dr. Sapalo António ainda aguarda uma decisão.
A questão que se coloca é a seguinte: se o acórdão n.º 880/2024 tem carácter suspensivo, o que leva a entender que, na ausência da realização do congresso, as estruturas responsáveis pelo processo deixam de existir, incluindo as comissões. Assim, como pode Rui Malopa afirmar que a comissão reconsiderou a candidatura do Dr. Sapalo António? Em que bases se apoia esta afirmação, se o acórdão suspende todos os atos relacionados com o congresso?
A falta de consulta aos outros candidatos e a tentativa de realizar o congresso sem uma decisão clara do Tribunal Constitucional são evidências de um processo que está longe de ser democrático.
OD – Quais são as principais falhas que identificou no processo de organização do congresso?
GSF – As principais falhas incluem a manipulação dos prazos para tentar impedir a minha candidatura, a falta de comunicação clara com todos os membros do partido e a tentativa de ignorar as decisões do Tribunal Constitucional. Estes fatores comprometem a legitimidade do congresso e a confiança dos membros do partido no processo.
OD – Qual é a sua visão para o futuro do PRS?
GSF – O futuro do PRS deve ser pautado pela renovação e pela democratização interna. Precisamos de um partido que esteja verdadeiramente comprometido com os interesses dos angolanos, especialmente os jovens, e que defenda uma justa distribuição da renda nacional. A minha visão é de um PRS forte, unido e preparado para ser uma verdadeira alternativa política em Angola.
OD – Quais são as suas prioridades caso seja eleito presidente do PRS?
GSF – As minhas prioridades incluem a realização de uma auditoria interna para garantir a transparência das finanças do partido, a promoção de um congresso verdadeiramente inclusivo e democrático, e o fortalecimento da juventude dentro do PRS. Quero também trabalhar para que o partido seja uma voz ativa na defesa dos direitos humanos e da democracia em Angola.
OD – Qual é a mensagem que gostaria de deixar para os membros e simpatizantes do PRS?
GSF – A minha mensagem é de esperança e de compromisso. O PRS é um partido com uma história rica e um papel importante a desempenhar no futuro de Angola. Juntos, podemos construir um partido mais forte, mais democrático e mais inclusivo. Conto com o vosso apoio para transformar o PRS numa verdadeira força de mudança no nosso país.
O Decreto