Por Sousa Jamba
A história da UNITA foi caracterizada no terreno por vasta coligações e alianças estratégicas na realização do seu objectivo final que é o alcance do poder político para a melhoria da vida dos angolanos.
Mukanda e seus camaradas não se conformam com a liderança do Engenheiro Adalberto Costa Júnior principalmente por ele ser um mestiço. Eles não escondem este racismo primário; é só seguir os comentários geridos pelos seus postings. Esta atitude é completamente inaceitável na UNITA e ainda bem que está a ser prontamente rejeitada!
O racista nunca está muito longe do tribalista ou do regionalista; ele opera no mundo do faccionalismo. Ele vê tudo em preto e branco. Incapaz de se afirmar numa organização pela sua própria competência, ele faz alianças com alguns com alguma influência e está sempre pronto a fazer o papel de cão de ataque a favor do seu clique. Ele e os seus próximos não respeitam as instituições da organização e estão prontos a compactuar com os adversários da mesma para se manterem relevantes.
Os preconceituosos não ajudam no avanço de uma organização; eles semeiam desconfiança e muita desarmonia.
A UNITA foi fundada em 1966 não como um clube para defender a eminência de certas famílias ou regiões, mas para usar o poder para melhorar a vida dos Angolanos. Os pais fundadores da UNITA eram patriotas com convicções muito profundas.
Nos anos sessenta, nas matas do leste de Angola, os quadros da UNITA discutiam a melhor forma de governação para uma futura Angola. Estamos todos à espera das memórias do Mais Velho Tiago Carlos Kandanda que esteve lá.
A vocação da UNITA foi sempre atrair o máximo de patriotas Angolanos para a sua causa. Um amigo branco do Doutor Savimbi do Lobito, enviou-lhe uma mensagem nos anos sessentas a dizer que pretendia juntar-se a ele nas matas do Leste; o Doutor Savimbi lhe respondeu que ele deveria ainda manter-se onde estava e tentar recrutar mais adeptos a causa da UNITA. Estamos à espera das memórias do mais velho Corte Real Cerqueira.
A UNITA quis sempre implantar-se em todo território nacional. Fundada entre os Luchazis, Mbundas, Tchokwes, Luvales do Leste, em 1975 houve um influxo de quadros do Planalto Central e alguns do norte de Angola.
Nos anos 80s, houve um imenso esforço de alargar as bases do partido ao norte de Angola. O General Apolo Yakuvela me disse uma vez que a implantação da UNITA no norte durante a guerrilha não foi nada fácil. Foi preciso criar ligações muito fortes com as elites locais e respeitar as tradições dos povos para que eventualmente a UNITA fosse parte da própria paisagem.
Quando, nos anos 80s, a UNITA foi avançando, pedindo que os filhos de Angola dessem as suas vidas para a causa, não se insistia que só uns de uma região é que deveriam ir para a frente do combate para enfrentar as balas.
Havia grupos de mulheres e homens Bakongos que carregavam material, que aguentavam as bases, que foram chaves na resistência. Acho repugnante ver jovens a repreender o ACJ por ter posto muitos Bakongos na lista de Deputados.
Como é que podemos ganhar o voto dos Bakongos, Tchokwes, Ibindas, Ambundus, Nganguelas etc sem ter os filhos de várias regiões, , que conhecem bem os problemas dos seus próximos, na assembleia? Os Bakongos e outros serviram para a guerra e não para ser deputados? A UNITA é para todos os Angolanos; a lista dos candidatos à assembleia é uma verdadeira reflexão dos valores chaves do movimento.
O continente Africano está a ver transformações muito profundas. Há uma geração para a qual a política não consiste apenas em aplaudir políticos nos comícios. Há gente que quer ver resultados palpáveis.
O futuro do continente é também através de coligações. A ideia de que qualquer uma instituição pode prosperar sem fazer parte de grande coligações é retrógrada!